lentamente
por migalhas, em 26.08.10
assim te esvais, lentamente
como quem já só sussurra o respirar
na lenta espera pelo derradeiro suspiro
último sopro de vida a que podes almejar
assim partes, lentamente
como quem chama por ti
frágil batel entregue às vagas a poente
já sem querer ou razão aparente
assim te apagas, lentamente
bafo de fogo fátuo delirante
ao som da extrema unção cessante
eterno breu de ora em diante
assim jazes agora sem chama
alma breve e gentil que partiste
sem mágoa, lamento ou drama
extinta a luz que permitiste
de fio ao pavio que foste
sempre assim, ardente
assim, lentamente