palavras
por migalhas, em 18.08.10
fogachos, são-no quase sempre
um fala, agride
outro conversa, encanta
outro ordena, impõe
outro sussurra, seduz
e são farpas e são rosas (senhor!) e são o que são aos ouvidos de quem as escuta, aos olhos de quem as lê
mas nunca vãs
quase sempre fogachos
períodos breves apenas preenchidos pelo som que delas brota
qual canto de sereia que se ouve ao longe e se afasta até não mais se distinguir
o seu valor é o que lhe damos
seja no tom que se lhes imprime, seja naquilo que nos suscitam
umas vez paridas, voam breves
resistem um tempo que não se conta
aquele que apenas para nós conta
quem as ouve, quem as interpreta, quem as ignora
fogachos que se erguem agora
para se quedarem mortos na próxima hora