Elegia ao que nunca foste
Perdida entre as palavras não faladas
fica tanta dor entrincheirada
ficam apelos por um socorro que debele este estado que ninguém pediu, sequer imaginou
achadas nessas palavras ausentes
as chagas de um corpo dormente
a vontade que se perde no que deveria ter sido tão belo.
Os olhos não mentem, nunca mentem, e neles eu vi a mão estendida, o desgosto vincado, um mal encenado fazer crer que não foi nada, quando afinal era quase tudo, ou parte de um todo planeado, de contornos perfeitos, de mão divina a abençoá-lo.
Ali senti morrer um pouco de mim, de nós
mesmo sem palavras faladas
numa quietude que tudo disse
num olhar que nada omitiu
essa força que é passar pela vida e aguentá-la com quanto ela nos dá, seja bom demais, seja enorme contrariedade.