no cais
por migalhas, em 27.01.10
naquele cais me vi nascer e a ele me chego para morrer
nas suas águas revoltas de tantas embarcações que chegam e partem ao ritmo de quantas vidas as imitam
e eu a querer-me uma delas
a levantar âncora e a sulcar estas águas que um dia me viram nascer
e a meio caminho da viagem viver um episódio trágico-marítimo e nele entender que viagem alguma leva a algum lado
que odisseia alguma nos faz realizados
que é o tempo que nos abre fundos sulcos na aridez da pele que antes nos secou, para nos pontapear a seguir, para onde ele entende
ele que nos apressou a vinda e sempre ao ritmo da sua pressa nos avança lesto a ida
a mesma que aqui venho reclamar
minha
neste cais que um dia no seu âmago me viu desaguar