infindáveis, frágeis passos
Nas portas de que me abeiro
de quantas se perfilam hirtas
para lá delas segredos escutar
não há mapa que me ache o Norte
nem fechadura que a curiosidade me sacie
num golpe de asa que seja golpe de sorte
o que sigo são passos
infindáveis, frágeis passos
num caminho que nunca se formou
olho a Sul onde nada se revê
casta horda de mulheres sem rosto
difusas almas que vagueiam sem prumo
do sol nascente, elo a elo à corrente poente
nas veias de um sonhador descrente
cego aos olhos de uma criança
entre um mar de tanta gente
perdidos os passos
infindáveis, frágeis passos
cerram-se as portadas
barreiras ao vento
em fiadas de mentiras nunca contadas
da cerrada boca do sonhador descrente
neste fôlego de tanta gente
aqui nada há que me agrade
seja fome, seja vento ou neve
que tudo é demasiado breve
para se imaginar com esta idade