a rua, parte 1
nesta rua cabe tudo
aqui me recolho dos olhares de quantos me avaliam e olho o seu esplendor de rua pequena onde tudo cabe
olho-a na sua figura, que nem altiva, a cruzar-se com outras como ela, calmas ruas, longe do reboliço, da exaltação às coisas más
nesta rua liberto-me
sentado a olhá-lo na sua plenitude breve que tudo comporta
ou simplesmente a prestar-lhe a deferência que me merece
por ser rua e por nela se sentir a paz, olhar a paz
a paz que aquece o coração lacerado, lhe serve de curativo
paz entoada à alma que aqui vem repousar
nesta rua calma
aqui não há mistérios
senão o de tentar entender como neste breve troço de alcatrão
ladeado de árvores que nem belas, presentes
tanto da vida desfila aos olhos de quem atente
nesta rua onde ninguém é estranho
onde eu me desloco e entranho
sempre que procuro a paz
a minha paz
longe do rebanho