do nada
Do nada nos formamos, em nada nos tornamos e pelo meio desse nada que nos ocupou, gera-se a ideia de que fizemos muito, muita coisa alcançámos, realizámos, quando, na verdade, na realidade, o que fica desse intervalo em que nos materializámos, foi apenas e só um hiato de tempo preenchido por uma amálgama de dúvidas que tentámos esclarecer e com elas dar um significado
(a nosso contento)
a essa parcela ínfima que julgámos viver.
De resto, nada percebemos.
E andamos todo esse tempo
(todo ESTE tempo, que ainda é o meu tempo)
apenas admirados, apenas deslumbrados, fascinados com todo este milagre de sermos algo palpável que do nada se formou, algo pensante por um instante tão fugaz que nem se atreve a ser tempo que mereça registo nos registos do tempo desta terra que nos acolheu e deu abrigo de passagem, quem sabe igualmente intrigada com a nossa chegada.
Por isso de volta, boa viagem, ocupem os vossos lugares
(os que trouxeram à vinda)
rumo a outra paragem, a nova compilação de tantas dúvidas, questões, tudo coisas apenas da cabeça de quem a hipoteca em nome de pormenores num pormenor ainda maior que é este de existir tão breve, quase julgando viver.