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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Grão de ilusão

por migalhas, em 18.08.09

Poderá o vazio ser preenchido?

Este espaço de tempo furtivo?

Quem sou neste espaço em que não sou senão o ar que respiro, a poeira que levanto, minúsculo ser cósmico sem peso, senão o da gravidade de ser breve?

Olho em redor e mil acontecimentos.

Talvez mais, mas todos aleatórios e, dessa forma, ilusórios também.

Quais eu vivo, a quais assisto, na certeza de uma imensa maioria de que nem me apercebo ou dou conta, nesse espaço de tempo em que vivo, em que assumo que alguns vivo.

 

Não tenho como lidar, com que desafiar, armas para lutar de igual com toda a efemeridade que é o tempo, que compõe o tempo, que o perfaz aos nossos olhos agastados, fixos na incerteza do que está para além, no que há-de ainda vir a ser.

Este tempo que é espaço que ocupa, espaço de tempo que é parcela de um obstáculo que lhe é superior, que nem céu nem terra, antes todo o universo em conjugação.

Que a verdade é essa e inquestionável, que aquilo que nos rodeia é uma total ausência do que for, de coisa nenhuma, uma inexistência em que embarcamos sem noção de que o fazemos e vamos, a apreciar o seu deslumbrante engano, trapaça bem urdida, jornada que nos leva iludidos, nos molda a seu mando, como mito que é, ficção que se impõe, coisa apenas da imaginação, como o mais profundo abismo que é o mar em que nos afogamos e tudo o que também ele nos esconde, de nós esconde, pois nunca o quisemos desvendar.

 

Eu, grão de ilusão, menor, insignificante quando olho em redor e vejo a enorme grandeza de tanta beleza, de tanta coisa a que não atesto certeza, mas sei que já ontem reinava, como hoje reina e amanhã continuará para lá de mim, de nós, no tempo a perdurar, muito para lá do dia em que daqui, deste espaço de tempo em que não fui senão o ar que respirei, a poeira que levantei, me ausentar e já noutra forma, quiçá num outro igualmente belo lugar me encontrar, para então, e por fim, com a vida me reencontrar, sabendo-a nesse momento mais, muito mais que um nada que não se perfaz, muito mais que o ar que se respira ou a poeira que se levanta.