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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Alheio

por migalhas, em 30.06.09

Que paredes nos separam, a cada um?

Que barreiras se interpõem e nos escondem?

Que fronteira se demarca, nos demarca?

Arame farpado que nos alerta para a invasão, quase sempre de propriedade alheia

na privacidade onde se espelha o nosso íntimo, onde somos o que não ousamos fora dessas quatro paredes que nos ocultam ao mundo

aos olhares curiosos de quem se quer intrometer, sabendo o que faço, digo, ouso, no recanto do meu espaço fechado, ao mundo fechado

Como pode um simples muro delimitar-me a actuação?

Condicionar-me um estado que nesse instante é o genuíno?

Entre portas, uma porta, quantas vezes

ou quantas me permitam o ser e estar alheio ao redor comum de quantos olhares curiosos e perscrutadores de algo mais

um biombo

uma simples linha desenhada no chão de terra, no chão de areia, no chão de cascalho

a perfazer um círculo perfeito

 

(vácuo alheio ao exterior, imune às infecções que daí se propagam, letais vírus, estirpes fatais

 

onde me incluo e daí passo a existir, morto ao mundo

esse mesmo onde

 

(por entre janelas cerradas, por entre cortinas ao de leve desviadas

 

se espiam as vidas que de alheias nada

antes modelos deturpados, enganosos, pois fictícios na sua génese

genuína apenas entre muros, entre portas, nunca aos olhos de quantos apenas vêem o que desejam, o que anseiam

para seu gáudio, para seu alimento