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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Apesar de...

por migalhas, em 29.04.09

"Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente."


Clarice Lispector, in "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres"

intemporal

por migalhas, em 28.04.09

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmo lugares...

É tempo da travessia.

E se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos"

Fernando Pessoa

all we need

por migalhas, em 22.04.09

neste mundo de papel
parcela do que sou hoje, que amanhã não sei
neste ínfimo solo que piso e que nem é meu nem de ninguém
é do mundo, é dum infinito que não conheço, nem quero
não me compete, foi-me cedido por instantes
os que tento preencher com a felicidade do que respiro e vivo
furioso com quem não entende quão fácil é existir, coexistir
quão simples é alcançar o pleno, o todo que aqui vimos descobrir e afinal sempre à nossa frente
bastasse querer e espalhar uma só palavra
AMOR

Quanta verdade

por migalhas, em 20.04.09

"As pessoas que são normais, equilibradas, não sentem a necessidade de escrever: são felizes".

Paul Theroux, escritor norte-americano

Assino por baixo

por migalhas, em 16.04.09

"A pior coisa que pode acontecer a um autor é ser respeitado, sobretudo quando esse respeito nasce no meio literário. O meio é pequeno, claustrofóbico e deixa pouco espaço de manobra aos autores: ou se está dentro ou se está fora. Quem está fora não interessa; quem está dentro, arrisca-se a ser bajulado ad nauseam. A bajulação (na forma de resenhas, prémios ou palmadas nas costas) sempre criou os seus monstros (na literatura e no futebol) e, a partir do momento em que se perde de vista a condição primeira do escritor – ser um incompetente que tem de reaprender o seu ofício todos os dias e, por vezes, precisar de ajuda para o fazer –, bem podemos dar o escritor como morto. Perdeu o respeito por duas coisas fundamentais: o editor, que o poderia ajudar a descobrir tudo o que está errado com a sua escrita; e o leitor, que deve ser escutado com muita atenção, porque o leitor tem sempre razão."

João Tordo (jornalista, guionista e escritor)

para sempre ilusão

por migalhas, em 13.04.09

nada é para sempre
que para sempre não existe
nada se perpétua no tempo nem mesmo as parcelas do tempo
nada risca o manto azul do céu ou cruza igual manto mas de mar feito por mais do que um breve instante
que o para sempre é tão divino como as entidades a que nos agarramos por medo ao que não entendemos
a duração de tudo é um período de nada que ocupa uma parcela de espaço vaga
pois que mesmo o espaço é fugaz e é etéreo e é esperança que julgamos eterna
quando eterna nem a vida
antes uma partida com chegada garantida
num para sempre que em nós se perfaz e desfaz num piscar de olhos
a contentar-se com pouco, com quase nada, com aquilo que é a felicidade
na simplicidade do que nos encharca o coração
mentindo e conspirando um engano que ganha forma então
esse para sempre
sempre e só ilusão

t(r)emer o mundo

por migalhas, em 09.04.09

a terra tremeu e a seguir tremi eu
o planeta irado uma vez mais gemeu
de uma dor que lhe foi tremor e também meu

de quem é a culpa, afinal?
terá de haver culpado?
não para aqueles a quem lhes foi fado
à morte ser condenado
sem que nada o fizesse esperado

está uma mulher na estrada
a acenar desesperada
também ela sentiu tremer o mundo
que no processo tragou-lhe o filho

esbraceja como possuída
agora que se vê sem vida
tarde demais clama por piedade
que o mundo não olha a quem
chegada a hora da verdade

22:00 - 22:22

por migalhas, em 03.04.09

Que ilação tirar desta improvável possibilidade
De atentar em dias consecutivos a sequências fascinantes, de tão especiais
E nesse preciso momento estar presente
olhá-las nos seus algarismos redondos e assistir ao seu nascimento
instantes depois, ao desaparecimento
a mais um algarismo que se lhe acrescenta na ordem que se segue, esbatendo o encanto desses números redondos, de tão especiais fascinantes
numa breve vida de minuto em que se perfazem
em que aprendem a respirar, crescem e em contra-relógio olham de frente a morte que os espera, cessado esse fugaz instante
agora vê-se, agora não
na brevidade do tempo que são
como tudo é, sejam números belos, o que seja que ouse ser
num desafio que não escolhe, sujeita-se
ao rigor de um período que lhe é estipulado
lhe garante o seu estado
e que findo, caducado, passa ao seguinte
que a existência é isto mesmo
o espaço que ocupamos por um tempo indeterminado
a sombra que formamos por um tempo indeterminado
o tempo indeterminado que respiramos até pela morte sermos atropelados