SOS
Enquanto cá por baixo nos preocupamos com as trivialidades comuns ao ser hediondo em que nos tornámos
(onde se incluem a chacina de diversas espécies rumo à sua extinção, o genocídio dos nossos semelhantes, a prepotência, uso e abuso da força e do poder para subjugar o nosso igual, a destruição massiva da fauna e flora que nos sustenta, ...)
enquanto distraídos com essas banalidades, nem nos ocorreu olhar os céus, o espaço sideral, e imaginar que estivemos a escassos 60 mil quilómetros
(sete vezes mais perto do que a Lua está de nós)
da nossa própria desgraça, ou só da desgraça de alguns.
Que estivemos tão perto de servir de alvo a um asteróide de tamanho semelhante àquele outro que em 1908 arrasou cerca de 2.000 quilómetros quadrados de bosque na Sibéria. E a acontecer, teria sido total a surpresa. Pois que nem os entendidos, os astrónomos, esperavam que passasse tão perto do nosso planeta, tendo sido "por pouco" que o mesmo não nos atingiu em cheio no decurso da sua trajectória.
A sua, ainda assim, modesta dimensão, permitir-lhe-ia arrasar apenas uma cidade das grandes. Varrê-la do mapa num assomo breve de que apenas o rasto atrás de si deixado seria testemunho do seu querer, poder. Não fossem os inocentes, os muitos que certamente pereceriam vítimas desta tragédia, e talvez tivesse valido a pena o embate. Mais que não fosse para despertar consciências ou simplesmente lembrar-lhes, relembrar-lhes, a impotência do homem face aos elementos da natureza que ainda nos cercam ou apertam o cerco num aviso a que deixámos de dar atenção.
Pois que a nossa insignificância e pequenez
(aqui a pequenez apenas física)
deveria ser constantemente recordada, para que a ela nos entregássemos mais amiúde, humildes e respeitosos, conscientes de que só unidos poderemos almejar a salvar as nossas almas.