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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Peso ausente

por migalhas, em 10.02.09

Eu guardo tudo
Pequenos papéis, notas, rascunhos
Até os que parecem ter sido esboçados para esta minha vida em esboço
Um enorme peso, pesado em demasia, e nele esta alma vazia
Uma cisterna abrupta como a vil cova de uma onça que me espreita o momento
Dentes arreganhados, garras afiadas
E nem todos os pequenos papéis ou notas ou rascunhos
Pequenos papéis, notas e rascunhos catalogados
Que guardo trancados neste peito macerado
Reunidos neste armazém de congelados, quedando-se rígidos, como ele, rígido
A bombear sem cessar, a distribuir-me vida por quantos quadrantes
Malvado!
Este peso continuado
Sufocante pesar aqui cravado, neste estéril terreno arado
Vida que esvai-se ainda em vida
Pressupondo uma morte que pressupõe uma vida
Vida qualquer, desde que parida
De um enorme peso, pesado em demasia
A sentir este chão que piso a ausentar-se, a perder-me e eu a ele
Já nem caminho ou atalho
Que nada nem ninguém me atrai, nem eu atraio ninguém
Amarras por todo o lado, as mesmas que me sustêm
Me impedem a evasão a este enorme peso
Pesado em demasia e ainda assim a levitar
E eu sob ele a pairar
Enorme peso, pesado em demasia
E eu a deixar de pesar