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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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(in)temporal

por migalhas, em 22.01.09

O que me escapa?
O que me foge matreiro por entre estes meus dedos que nada parecem reter?
Por querer? Ou impossibilitados, de mãos atadas face a este imenso segredo que não se dá a entender, um segredo que nos mina e destrói com o passar da hora.
Ouve-se daqui, ouve-se dali, mas no fim quem detém a verdade?
E isso da verdade, o que é?
É verdade dizer que os dias andam à velocidade que lhes vemos?
Que o seu tempo é limitado àquela barreira de 24 horas que lhes atribuímos?
Ou podemos pegar num dia, num dia qualquer

(que eles antes de nascerem são todos iguais, nós é que os preenchemos, como um livro de colorir, as figuras estão lá, os ambientes, e a nós apenas nos cabe a tarefa de os colorir)

e prolongá-lo para lá do seu tempo de um dia, quem sabe, por tantos outros?

Será que alguma vez poderemos acrescentar figuras, mais cenários, a um dia desses, dos que nascem todos iguais, por preencher ou colorir?
E não seria esse dia a nossa ideia de eternidade?
O fim do tempo limitado, fossem as 24 horas de um dia ou os 12 meses de um ano.
Que o tempo é uma prisão e a nossa pena aquele que nos cabe em sorte, até ao segundo da nossa morte.
Será que quebrando essa barreira, derrubando esse muro que se interpõe entre nós e a verdadeira felicidade, seríamos de facto felizes, realizados?
Verdade? Mentira?
Não o sei, pois é tanto o que se me escapa, o que por entre estes meus dedos me foge matreiro, e também este tempo que ainda é fixo e no qual não tenho mão.
Ouve-se daqui, ouve-se dali, que está contado e a todos é dado em partes desiguais, para que seja apenas usado ou, se for vivido, então prolongado para lá do seu tempo fixo, eternizado, segundo a ideia que temos de eternidade e a que parecemos ambicionar nesta prisão que é o tempo fixo, contado, e que ainda assim impossível de domar.
Dele nunca ninguém se evadiu, deste cárcere que nos vê nascer, nos presencia o crescer e nos acompanha o morrer.
Tempo carrasco, tempo que é tudo, tempo breve de ser, tempo anterior a mim, que depois de mim continuará a ser tempo carrasco, o tempo dos que hão-de vir.