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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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“A Montra Das Vidas Errantes” - Breve Sinopse

por migalhas, em 28.11.08

“Tudo na vida tem um princípio, um meio e, consequentemente, um fim.

A própria vida começa num nano segundo, fruto de uma incrível e improvável combinação que despoleta um processo que, daí em diante, avança a uma velocidade vertiginosa, impossível de controlar seja por quem for e que só termina na hora da nossa morte.

Mas há quem defenda que existe uma outra vida que nos acompanha passo a passo, tal e qual uma rua ou caminho paralelo àquele que todos os dias cruzamos e que julgamos único. Dessa vida, que passa por todos nós sem dela darmos conta, faz parte todo o conjunto de alternativas que nesta não se concretizam pelas mais variadas razões. Coisas que aconteceriam se, num ou em mais determinados momentos da nossa vida, tivéssemos feito isto em vez daquilo, tivéssemos optado por seguir por aqui e não por ali, temos tentado isto na vez daquilo. Dá que pensar, pois tudo teria sido realmente diferente. Com outras consequências, que obrigariam a rescrever toda a nossa existência, aquilo que somos ou aquilo que, devido aos nossos actos, se procedeu assim e não de qualquer outra forma.”


Está dado o mote para o que daqui em diante se revela sempre em crescendo, sempre dúbio e da mesma forma avassalador na vida de Xavier e do seu outro eu. Aquele que um dia julgou vislumbrar pela montra de uma casa de chá e que desde então não mais dele se afastou.
Duas mentes, duas personalidades, duas vidas jogadas em paralelo, mas sempre à distância mínima uma da outra.
Os dramas vivenciais de quem se julgava único, como cada qual seu igual, e afinal sabe agora que, numa outra dimensão que sempre lhe fora omitida, vive a alternativa. Ao que faz, ao que é, ao que ambiciona.


“... depois de se ter observado do lado de lá, era-lhe difícil distinguir qual a vida que vivia. Seria esta? Ou a que vira era a que, na realidade, vivia? E esta apenas a outra face de um espelho mágico que lhe mostrava o oposto da sua verdadeira vida, a outra face da moeda que julgava aqui jogar, o eu paralelo que o obriga a viver duplamente, um sósia gémeo do seu ser que se julga filho único, mas habita ambos os lados da fronteira com igual fulgor, vontade, desejo.”

“Agora sabia-se dois.”


É este o ponto de partida para a história de uma vida. Ou de duas... Ou de tantas vidas quantas as imagináveis.

Lançamento dia 5 Dezembro, 21h30, Bulhosa Oeiras Parque

por migalhas, em 28.11.08

Aqui fica em primeira mão a capa do livro que irei lançar no próximo dia 5 de Dezembro, pelas 21h30, na livraria Bulhosa Books & Living do Oeiras Parque. Quem quiser aparecer, será bem-vindo.

Já 3

por migalhas, em 27.11.08

Há 3 anos perfizeste-te.
Recuo no tempo e penso-te infinitamente frágil, o culminar de tantos dias de expectativas e nesse dia tu.
Só tu e mais nada, quase mais ninguém, não fosse a tua mãe, cansada de tão feliz, por te ter permitido seres quem eras, real.
A felicidade era-nos por todo, dos sorrisos nervosos ao futuro que, por momentos breves, o de te ver nascer, esquecemos, pois que tudo estava bem e bem haveria de ser.
Era a hora de te saborear, de te olhar nos olhos, que nem abrias ainda, e falar-te:
- Estamos aqui ! Somos nós!
E tu serena, na calma de quem acabava de chegar de uma longa viagem, agora sem planos, nem malas para desmanchar.
Chegaras a bom porto, o que daí em diante seria abrigo seguro ao teu evoluir, na sequência de tantos dias passados.
Hoje, tantos dias depois, és a palavra que ainda não encontro, ainda não sei pronunciar, és o meu ar, isso eu sei, aquela de que me irei para sempre orgulhar.
Tu, a minha Sara, 3 anos após aquele dia sem igual, aquele em que te perfizeste real.
Deixo-te o desejo de pai que cada ano que somes sejam quantas alegrias desejes.

 

Daqui à extinção

por migalhas, em 24.11.08

Jocosas palavras sobre as baleias e se o suicídio alguma vez seria seu pensar
que elas habitam o mar, o que só elas observam
que elas são as vítimas do que o homem faz de forma leviana
que elas não têm o pensar que nos é privilégio
que elas não raciocinam
E quem nos garante ser esse um exclusivo da humanidade?
Que só nós olhamos e vemos e já sem alternativa nos matamos?
Somos nós superiores aos demais animais?
Ou assim o estipulámos?
Eu acredito que o que elas viram nos mares por onde viajam
bem lá no fundo do que nos é ocultado
naquele que é seu lar, seu meio ambiente
foi suficiente
foi razão que esteve na base desse seu pensar
em grupo e à praia voluntariamente se oferecer
para ali se eternizar, para ali morrer
e mostrar aos que se julgam racionais
senhores únicos do pensar
que existem outros que ainda discernem e sabem quando parar
nem que seja para mostrar
que este espaço é de todos, é de partilha
e não apenas dos que se dizem donos e senhores do pensar
esse estado adulterado que um dia nos serviu de distinção
e que à extinção, a todos, nos há-de levar

Nunca o faças!

por migalhas, em 11.11.08

Não te desculpes, não o faças

Nunca, não te atrevas

Pois nessa hora será a minha hora

A de me confessar pelo que não fiz

E o que não fiz foi desculpar-me mil vezes mais perante ti

E a fazê-lo, por todas as vezes que não o fiz,

Nem quantas vidas, tantas como as desculpas que esqueci, que mo permitam

Por isso nunca te desculpes

Nem agora nem em nenhuma hora

 

A seu contento

por migalhas, em 10.11.08

A vida ensina-nos, guia-nos, leva-nos a seu contento, fazendo-nos crer que tal é feito nosso. Mais recentemente, coisa de poucos dias, dou comigo a tentar nova proeza. Nem sei se movido por um interesse de me fazer alguém nesta arte ou se apenas e só por necessidade de ser eficaz em rapidez q.b.. É a minha Sara, a pequenota que quase a perfazer a idade de 3, atravessa a fase difícil, pois que é para si grande o desafio, de largar as fraldas, durante a noite, durante a sesta da tarde, sempre que dormir é a sua tarefa. Mas como tudo nesta vida, a que nos ensina, guia e encaminha a seu belo prazer, também este empreendimento é enorme, pois que enorme é a responsabilidade inerente à conquista da autonomia, ainda assim não tão enorme como conservá-la, uma vez atingida. De momento na fase primária, a de consegui-la, a pequena tem dado água pela barba cá do seu pai, e mesmo da mãe, que não a tem. E ele é o assalto, que subjacente a qualquer acontecimento inesperado, mormente quando a meio da noite, entre sonos que se querem tornar mais profundos, que nos toma o fôlego e nos faz agir sem discernimento de quem nem acordado, nem em parte certa, nem desperta, e tudo tenta para evitar nova façanha. Bravos os intentos, quase sempre a esbarrarem nos dela, que nos presenteia com nova avalanche a pedir nova muda, de tudo, de cada peça de sua cama. E quais mortos-vivos, ambos os progenitores fazem-se a uma vida que não é costume a meio da noite, entre sonos que se querem tornar mais profundos, para em rapidez q.b. retomarem a normalidade de um sono que, também ela, pretende e deseja retomar, sem mais percalços. São fases, senhor, são fases. Mas que esta seja breve, nos tome pouco tempo. Sob sério risco de, não de noite, naquela em que por norma se perfazem os sonos, os profundos e também os outros, mas de dia, quando a vida desperta, e nós com ela, ao sono sucumbirmos e atrasarmos o passo, aquele que mesmo não sendo nosso, é o passo que ela, a vida, sempre atenta nos orienta e com ele nos tenta.

Nunca mudarei

por migalhas, em 04.11.08

O mundo é cinzento, eu quero-o azul.
Ele vira-se a mim e desafia-me, audaz.
E eu audaz faço-lhe frente e mostro-lhe que não o temo, e às suas agruras.
Ele recua, teme quem lhe ousa fazer frente, quem lhe oferece resistência.
Recupera da surpresa e contra-ataca.
E eu audaz, sem receios do que já vi e experimentei tantas vezes antes, olho-o nos olhos.
Apenas isso e ele pára. Desvia o olhar e disfarça com uma música que até sabe que eu aprecio.
Mas não vinda dele, que dele é falsa, enganadora.
E eu assumo a liderança, de novo e uma vez mais sou eu quem decide e avanço.
Ele olha-me de soslaio e desvia-se para me dar passagem.
"Por esta", pensa, "até à próxima".
E eu deito-lhe um sorriso de quem sabe que haverá outra e mais outra e tantas mais.
Mas a que nunca voltarei costas.
E ele sabe-o, eu sei-o.
Será sempre, e para sempre, assim, até que um de nós baixe a guarda em definitivo.
Até que ele mude, regresse ao que foram as suas origens, regresse ao que pelo caminho perdeu.
Ou até que a morte nos separe, pois que eu nunca mudarei.