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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Quantas pérolas paridas

por migalhas, em 14.08.08

“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do género humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.”

John Donne in "Devotions Upon Emergent Occasions - Meditation XVII" Vol. III

 

Talvez nenhum homem seja, de facto, uma ilha. Mas facto é que existem ilhas que se perfazem parte de todos os homens. Esses blocos, parte razão, parte emoção, que mesmo não recordando o momento da sua génese, sabem-se sim por todo envolvidos pelo profundo abraço do (a)mar eterno.


“Quem se recorda de haver nascido? Que homem ou povo se recorda? Este esquecimento indefine o começo da nossa existência, quimérico e ilusório, como o seu fim. O berço e o túmulo não são para os olhos de quem neles está deitado.”

Teixeira de Pascoaes, excerto de “São Jerónimo e a Trovoada”
 

Como ele

por migalhas, em 05.08.08

O momento não se esfumou, antes permanece suspenso sobre quantos pensamentos e nós, a pensá-los.
Paira como a nuvem que se refugia passiva a tentar a eternidade que almeja como quem vive a vida toda ansiando pela vida para sempre.
E nós sob o seu peso que não se sente, mas ali se consolida, pesado.
E nós, sempre nós, por que sem nós nada.
E a vida a passar célere e despachada e eu a vê-la pelas frestas que o tempo faz.
E lá fora, pela porta que se queda tombada, olho quantas andorinhas em busca de melhor tempo.
O voo ligeiro, como ligeira a esperança, na fragilidade com que veste o mundo.
E nós aqui, os dias a passar e tudo a passar, até onde a vista alcança.
Um dia abrirei asas e sairei por aí, a sobrevoar os sonhos.
Dialogarei com eles e eles comigo e no fim seremos uma e só pessoa.
Leve, a sobrevoar esta parcela que é a vida breve, ao sabor de um vento que nada deve, pois que nada teme.
E eu com ele.
E eu, e tu, e ela e...
Nós todos como ele.