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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Verão = Sexo

por migalhas, em 21.06.07

Pelo terceiro ano consecutivo, e com mostras de estar para durar, ei-lo: o Salão Erótico de Lisboa. Aquele espaço imensamente concorrido onde, durante uns dias, se podem espreitar todos os pormenores e curiosidades ligadas ao mundo, cada vez menos obscuro, da pornografia e erotismo mundial. Este ano a novidade é uma área especificamente dedicada às mulheres, espaço esse onde “elas” podem justificar o facto de serem cada vez mais atrevidas e mostrarem uma crescente disponibilidade para este tipo de evento. A justificá-lo, o facto de haver mais mulheres a visitarem o salão de Lisboa do que o de Barcelona, sendo a parcela feminina já bem significativa e responsável por 30 a 35% da totalidade do público presente ao certame. A festa está montada, segue-se a romaria. Contrariando a ideia de que os portugueses são um povo conservador, homens e mulheres de Portugal irão bater-se por um lugar neste salão sempre tão aguardado e repleto de atractivos, ao qual nem mesmo uma reunião de Tupperware, versão XXX, faltará, bem como a rodagem de um filme porno, ali mesmo, aos olhos de quantos quiserem assistir. Ao menos que haja um local onde se possa ver, ao vivo e a cores, a arte de foder o próximo. Já que todos os dias o somos e nem sequer chegamos a saber como, nem porquê, aqui a coisa é às claras e para agrado de todos. E por falar em agrado, haverá forma melhor de comemorar a chegada do Verão que apreciar um conjunto de espécimes cuja noção de roupa se resume a umas peças ínfimas de lingerie? E isto em dias de algum frio, pois que com a prometida subida da temperatura ambiente, certamente até isso as irá atrapalhar no desempenho das suas competentes funções. É um trabalho sujo, de facto, mas alguém tem realmente de o fazer. Que seja bem feito e que o povo goste, é o que eu desejo. Pois a malta precisa é disto. De diversão, de animação, de “pica”. De motivos que o façam esquecer a vida chata e  cheia de contrariedades que dia após dia o enlaça numa existência cinzenta e sem atractivos de maior. Ide vê-lo, meu povo, ide ver esse tal de sexo. Mas, melhor do que isso, ide fazê-lo. Pois é na sua concepção que reside a cura para todos os males.    

Um dia após o outro

por migalhas, em 20.06.07

Mais dois dias e findo mais um ciclo. Mais um local de passagem, dos muitos que já percorri. Mais um grupo de pessoas que conheci, de trabalhos que efectuei, de experiências que vivi. Seguem-se novos desafios, novas pessoas a conhecer, novas experiências a viver. Mais um passo dado em frente, mais uma achega à minha evolução pessoal, mais um up grade curricular. E tudo rumo a quê? Será desta? Será aqui, neste novo spot, que algo de verdadeiramente diferente irá acontecer? E o quê, propriamente? Que serve de alento a esta busca incessante por algo mais? Se nem sequer há certeza de que algo é esse, de que coisa se trata, na realidade? Será profissional, será pessoal, será meramente experimental? Mais um degrau que terei de subir, um atalho que terei de tomar, uma viagem que terei de fazer? Ou simplesmente mais um capítulo desta sequência de episódios que é a minha vida, que terei efectivamente de protagonizar? Em parte sei ao que vou, o que ali me espera, o que vou encontrar, aquilo que pretendem de mim. Mas tudo se rege por incertezas, por suposições, adivinhas, esperança de que seja o que imaginamos e nunca menos que isso. Que as coisas corram de feição e a bom porto seja levada esta nova temporada que me aguarda, logo ali, ao virar da esquina. O que vou perder, o que vou ganhar, num balancete final que, aguardo, se quede por um saldo visivelmente positivo. Não existe anseio, apenas o eterno receio por que se gorem eventuais expectativas criadas. Mas também aí já tive a minha dose, razão por que anos destas lides me fazem refrear os ânimos e simplesmente aguardar, pacientemente. Tudo fazer por que aconteça, mas sem excessos por que aconteça depressa demais. É importante respeitar o tempo necessário para construir algo. O tempo essencial para erguer um bom projecto, sólido, com condições de vingar e ser bem sucedido de futuro. Dar um passo de cada vez, passos firmes, decididos, mas pensados, planeados. E não fazer apenas por que sim. Por que alguém, nalgum lado, espera isso de nós. Vou ser como sempre fui. Disso tenho a certeza absoluta. Se me trouxe até aqui, seguramente poderá levar-me mais além. É essa a convicção, a vontade. É esse o pensamento. O resto se verá. Um dia após o outro.

O nosso jeito de ser

por migalhas, em 19.06.07

Por aquilo que se tem visto, de cada vez que há falhas graves ao nível da segurança, o ser humano tem uma tendência clara para se tornar agressivo, diria mesmo, perigoso para os demais da sua espécie. Havendo uma catástrofe, que requer a presença das forças da lei na ajuda possível, seja de resgate de vítimas, de ajuda às populações ou outras, depressa meia dúzia de desordeiros dedicam o seu tempo a vandalizar lojas com o propósito de roubar tudo o que lhes for possível. E se a coisa começa com uma meia dúzia, depressa alastra a quantos se vão apercebendo que a ocasião faz, de facto, o ladrão. E vai de pilhar, pilhar, até que cheguem as forças da lei para a ordem pública restaurar. Mas, entretanto, já muito foi subtraído, destruído, a cinzas reduzido. Por isso me questiono se numa hipotética situação análoga, não responderíamos todos da mesma forma. Quantos de nós não se deixaram já tentar e aproveitaram um momento de distracção alheia para roubar uma coisita que fosse? A adrenalina dispara e a sensação de êxito, de ter conseguido iludir a autoridade, supera qualquer receio, por maior que ele possa ser. É um pouco o desafiar das leis, o ir contra o que está estabelecido, que é regra. E vai daí, subvertemos a ordem das coisas e assumimos uma postura, dita, marginal. Se se diz a uma criança que ali não se mexe, ela automática e instintivamente selecciona esse como o primeiro local a visitar, mal a guarda que lhe é movida apresente a mais pequena brecha. A lei existe no papel, mas é a presença física da autoridade, que sabemos real, que nos mantém a todos civilizados. Que permite uma existência ordeira e em sociedade. Certas figuras são pois essenciais no nosso dia-a-dia e muitas das vezes nem repamos nelas ou na importância da sua presença. Passam despercebidas, expondo a sua importância somente no momento em que são chamadas a intervir. Figuras como a do bombeiro, do polícia, do nadador salvador, do segurança, estão lá, supostamente a olhar pela nossa segurança. E talvez por isso, por que representam a lei, a autoridade, são vistas como figuras distantes, que não merecem a nossa atenção. Errado. Uma simples palavra, a saudação, uma mensagem de apreço, é sempre bem recebida e motiva a continuarem as suas funções, quantas das vezes desempenhadas em condições adversas. Um pequeno gesto, que a nós nada custa, é muitas vezes o suficiente para animar o dia de alguém que está ali apenas por nós. Apenas por que o enigmático ser humano tem aquela necessidade doentia de ser constantemente alvo de observação, tudo para que não se entusiasme e passe a ténue linha que nos separa dos outros animais, os irracionais, os selvagens, que criticamos amiúde mas que, havendo oportunidade, não nos coibimos de imitar.  

Flashes impressionistas

por migalhas, em 12.06.07

Tem dias, tem noites, tem flashes impressionistas do que poderia ter sido. Abala-se com a intensidade de um poderoso e avassalador furacão e depois queda-se, hirto, sem expressão. Tudo por terra, total desilusão. A mando de quem ou do quê? Ou a mando de nada nem de ninguém, que esta somos nós que comandamos. Julgamos nós, pobres tolos, gente que vai ao engano e de nada desconfia. Sentem-se poderosos, no comando das operações, mas nada é o que realmente aparenta. E de repente pequeninos. Minúsculos, poeiras que à mais leve brisa levantam voo e desaparecem sem deixar qualquer rasto ou vestígio do que foram ou poderiam ter sido. Apenas flashes impressionistas. A força do contacto com a natureza e a vontade de nela aprender a ser. De tentar entender que caminho tomar, para onde rumar. A norte, a sul. Tem dias, tem noites, mas tem sempre flashes impressionistas de tudo o que na realidade nunca o rodeou. Apenas visões. Turvas por vezes, por demais realistas de outras. Move-se mas não sente a liberdade. Preso de mãos e pés, atado, subjugado a uma vontade que não é a sua. Olhos na estrada e de novo os flashes. Como que a encaminhá-lo. Será desta? Irá por fim entender e assim conseguir perceber o que é viver? Vá-se lá saber quem sabe. É aproveitar, é querer, é fazer acontecer, é deixar andar e vê-la por nós passar, a correr. Ser e estar, num uno indissociável, num estado que é o nosso, a cada dia vivo.

Entre as mãos de uma criança

por migalhas, em 01.06.07

Hoje, dia primeiro de Junho, é também o dia internacionalmente dedicado às crianças. Às crianças de todo o mundo, das mais carenciadas às que têm o privilégio de poder viver de forma livre e sem privações de qualquer espécie. É um dia, mas deviam ser todos. A causa justifica. Por que parar para pensar nas crianças apenas hoje, se diariamente elas são vítimas gratuitas de todo o género de maus tratos? Veja-se o caso sobejamente conhecido das crianças chinesas, que, ora são alvo de trabalho infantil, ora vivem sob uma pressão académica tão forte e com uma carga horária de actividades de tal forma brutal, que chega a afectar o horário do próprio sono, bem como a disponibilidade para poderem gozar a sua infância da forma que seria desejável. Até agora pura e simplesmente esquecidas ou ignoradas, têm, a partir precisamente de hoje, garantido por lei o direito a dormir e a brincar.

«As crianças devem ter tempo para dormir, divertir-se e praticar desporto», diz-se agora por aqueles lados, como se de um grande feito ou extraordinária descoberta científica se tratasse. Finalmente alguém se apercebeu que as crianças chinesas deveriam ser como as do resto do globo. Com direito a beneficiarem dos mesmos direitos básicos, de algo tão natural e óbvio que só aqueles olhos semicerrados dos dirigentes chineses nunca conseguiram (ou quiserem) distinguir até hoje. Só por isso, este dia especial já é uma vitória. A mostrar que, afinal, ainda mostra ter algum significado e força por esse mundo fora. Pena é que seja apenas um dia. Quando as crianças que vivem em condições desumanas são aos milhões. Se a tradição chinesa, conhecida pela sua ideologia fechada, obstinada e pouco atreita à mudança, sofreu esta mutação de todo radical, será assim tão difícil de imaginar uma alteração global de mentalidade idêntica face à população infantil e a todo o valor e importância que a mesma representa face ao futuro? Penso que tudo reside na vontade de querer mesmo fazer acontecer. De parar com os discursos e palavras vãs e passar aos actos concretos. Materializar o sonho de quantos acreditam que ainda é possível. Pois que eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida. E que sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança.