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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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E não se pode exterminá-las?

por migalhas, em 30.03.07

Sabem aquelas coisas irritantemente chatas, que nos incomodam a toda a hora quando se instalam? Como se não bastasse o desconforto que provocam, ainda têm o desplante de se colocarem estrategicamente de forma a interferir sempre com um ou outro movimento mais comum em nós. Um gajo faz isto, dói. Faz aquilo, ui. E depois levam tempo a sarar, as sacanas! Isto quando não exageram ainda nas dimensões que assumem, espraiando-se a seu belo prazer numa área exagerada que ocupam sem água vai. Tipo campismo selvagem! São levadas da breca, estas oportunistas. Apanham um gajo descompensado e vai de se fazerem convidadas para se hospedarem por uns tempos, sem sequer pagarem uma renda. Mais que não fosse pelo incómodo que causam. Mas isso pouco lhes importa. E lindo, lindo (salvo seja!), é quando se apresentam aos pares. Acompanhadas por outras que, como elas, nada mais têm para fazer senão importunar as vidas alheias. É que se uma já faz a mossa que faz, imaginem duas ou quatro, ainda por cima movidas pelas mesmas maléficas intenções. Uma delas já se deu por vencida, mas a outra... Eu bem lhe ponho isto e aquilo, mas a cabra está a dar luta! Raios a partam! Deve ser de uma estirpe guerreira que encontra nas minhas fraquezas força para se manter, tipo sanguessuga. Até já vi estrelas à sua custa. De cada vez que passo com a escova de dentes por ali e perto e, inadvertidamente, a varro de lés-a-lés. Bolas, como dói. É de ir às lágrimas. Mas não hás-de levar a melhor, acredita. Se julgas que estás aí para ficar, desilude-te! Quanto muito, estás aqui, estás ali.

Se eu quisesse

por migalhas, em 29.03.07

Se eu quisesse, todos os dias descobria algo de novo

Bastava atentar no que me rodeia

pois nunca é igual, jamais se repete

como num improviso que involuntariamente

se torna impossível de copiar

 

Se eu quisesse, todos os dias descobria algo de novo

Bastava olhar à minha volta

e cobrir de minúcia cada pormenor que salta à vista

se olhado com olhos perscrutadores de quem busca a verdade

que nunca nos é negada, mas naturalmente oferecida

 

Se eu quisesse, todos os dias descobria algo de novo

Bastava meter conversa com cada pessoa que comigo se cruza

ou sair por aí a viajar e em cada continente as suas gentes indagar

da sua existência me inteirar, dos seus sonhos

de tudo aquilo que ousam almejar

 

Se eu quisesse, todos os dias descobria algo de novo

Bastava eu querer e a cada nova aurora novo renascer

na mesma marquesa que uma vez me viu acontecer

numa existência reciclada que tudo repõe a zeros,

que desliga para voltar a ligar, num continuado recomeçar

e uma e outra vez me expõe ao mundo meu desconhecido

para nele tudo voltar a descobrir

qual Génesis revisitado

qual incerteza de nada e tudo querer

qual vontade de tudo um dia saber

Se eu quisesse

Em mutação

por migalhas, em 26.03.07

Que o mundo está a mudar, ninguém pode desmentir. E não é apenas pela constatação diária das inúmeras alterações climáticas, dos recorrentes abalos de terra ou da aparente mudança de opinião de alguns líderes políticos em relação ao que se passa no Iraque. Por muito distraída que seja uma pessoa, ou que diga não se importar com o que se passa à sua volta, acontecimentos há que marcam profundamente, da mesma forma que vacas e vitelos são marcados com um ferro em brasa. Veja-se o caso recente da vitória esmagadora da selecção das quinas sobre a sua congénere belga. Uma notícia que não o é apenas pelo exagero dos números, mas principalmente por que corresponde à primeira vitória oficial das nossas cores face às do país das batatas fritas em não sei quantos jogos. Se tal não fosse suficiente para provar que o mundo está em actual mudança, eis que a nossa selecção, desta feita a de râguebi, se qualifica pela primeiríssima vez para uma fase final de um campeonato do mundo da modalidade. Eu que nem sequer sabia que por cá se jogava râguebi a um nível que nos permitisse ombrear com selecções consagradas como as da Nova Zelândia, França, Escócia ou País de Gales num evento desta importância. Querem prova maior de que o mundo está em mutação? Querem? Então saibam que o túnel do Marquês está prestes a abrir ao trânsito ou, num âmbito mais internacional, que a top model mais violenta dos últimos tempos, a menina Naomi, anda a cumprir com as suas obrigações comunitárias, e pelos vistos bem, tratando das limpezas de um escritório lá para os lados de Nova Iorque. Estes são daqueles factos que “arrumam” definitivamente com qualquer incrédulo que ainda ouse recusar a constatação de que a realidade aponta num único sentido: mudança. Com um cenário assim, não serão de estranhar coisas como um entendimento entre as duas maiores forças políticas nacionais, como a retirada de todas as tropas estrangeiras estacionadas no Iraque, como um acordo que ponha fim definitivo à escalada do nuclear, empolada por nações como a Coreia do Norte ou o Irão, como uma ajuda humanitária por parte do Vaticano a África, em prol do fim da fome e miséria que por lá grassa, ou como uma nova vitória do Sporting no nosso modesto campeonato de futebol. Se algum nestes acontecimentos vier realmente a concretizar-se, terá de ser encarado, apenas e só, como natural, face à mudança que este mundo anda a sofrer. Uma mudança 1% natural, face aos restantes 99% artificiais, que lhe são incutidos por todos nós, elementos da raça humana. Para melhor muda-se sempre, sempre ouvi dizer. Mas será este o caso? Cá estamos para tirar tudo a limpo. Ou talvez não.

De nada nos serve

por migalhas, em 22.03.07

Por que vivemos nós em função da morte? Do seu manto negro que mesmo num dia de sol resplandecente se esconde à espreita? Talvez por isso seja verdade afirmar que, no que diz respeito à vida, a morte é a parte mais fácil. O capítulo mais provável de acontecer, senão hoje, amanhã ou depois. Mas como uma certeza absoluta, a única que temos em definitivo em vida. Seja aqui, em Lisboa, em Londres, em Pequim ou do outro lado do Atlântico, em qualquer canto do mundo o epílogo é sempre igual. Um fim anunciado desde o primeiro segundo de vida, desde a primeira golfada de ar, desde o milésimo de segundo em que me torno físico, existência confirmada, visível aos olhos do mundo, logo inicio o caminho rumo à morte. Como a única luz que ao fundo de um túnel de breu encharcado se me depara real, passadas as agruras da vida que, entretanto e sem aviso prévio, se intrometeu entre nós. É assim desde sempre. Uma caminhada amarga, um calvário que nos domina e se estende até ao derradeiro fôlego, aquele que antecede a partida mais temida. Algum dia terá de acontecer, sem dúvida, mas por que a receamos tanto? Por que condiciona ela cada passo que damos? Por que nos verga a existência, limitando-a ao tempo que nos concede como um favor especial cujo preço a pagar é tão demasiadamente caro? Apenas por breves instantes, aqueles em que nos ausentamos de pensar com clareza, nos é dado o prazer de saborear, embora que ao de leve, o requintado gosto do que seria viver sem a sua omnipresença, sem a sua sombra constante sempre fundida na nossa. Que poderes lhe foram, afinal, conferidos, e por quem, para possuir semelhante autoridade? Julgar quem deve ir e quando, a seu belo prazer. Rei e Senhor, naquele seu tom prepotente de quem sabe possuir faca e queijo na mão. De quem sabe ser sua a última palavra e a dos que condena a cada minuto que passa, sem piedade ou ponta de misericórdia. A gadanha é a sua arma, que, temida, resgata almas para o seu mundo, delas se servindo para decoração do seu espaço sombrio, carregado de humidade fria que se impregna nos ossos, na carne mutilada, corroída pela dor de quem não teve direito a bilhete de volta. Encará-la é vergar-se ao seu peso. Enfrentá-la nunca deu outro resultado que não a justificação da sua supremacia. Desde a aurora dos tempos que é ela que nos comanda a vida. Como num jogo macabro em que somos apenas e só as peças de que se serve para dar corpo à sua estratégia doentia. De nada nos serve reclamar. A quem, pergunto-me. Se ninguém nos pode valer. De nada, de nada.  

Preservar o belo

por migalhas, em 21.03.07

Hoje é dia dos poetas. Daqueles seres abençoados pelo dom da escrita que em poucas palavras definem sentimentos, situações, vivências, ao mesmo tempo que lhes acrescentam um deslumbrante encantamento como mais ninguém o consegue. Por eles, o mundo seria uma imensa folha em branco, sempre a aguardar pelo explanar das palavras que a irão embelezar e cobrir de uma vida assaz especial. Um mero esquiço, um rascunho incompleto a antever o resultado final, por si só já é superior, digno de respeito e veneração. Pois que o uso da palavra escrita não é para quem quer, mas sim para quem teve o privilégio único de herdar a arte dos tempos, dos dotados que escrevem cada linha da história e nela se inscrevem em passagens especiais. É deles este dia. E da árvore. De todas as árvores. Das que já não o são e das que resistem estoicamente, como últimos porta-estandartes de uma cultura que um dia já as venerou e lhes guardou o respeito merecido. Hoje em clara extinção, devem a sua sobrevivência precária a alguns poucos que ainda acreditam ser possível evitar a sua anunciada morte. A árvore que tudo nos disponibiliza, desde o ar essencial que respiramos, ao papel. À folha branca, onde se escreve cada dia e se arquivam ideias de um tempo que não voltará a sê-lo. Faltando essa folha, onde se irão espraiar os poetas, onde irão eles dar vida ao seu pensamento sem paralelo, onde se voltará a ler o lado mais belo da vida? Quero acreditar que tudo não passará de um sonho mau. Que acordando deste pesadelo em que repousa corpo e mente, um brilhante novo mundo surgirá a meus olhos e nele voltarei a depositar a esperança que hoje me conduz pela mão rumo ao que nem imagino. Hoje é dia dos poetas e das árvores que lhes servem de sustento. É da sua natureza, mas também da nossa. Preservemos o que hoje se comemora, para amanhã podermos continuar a fazê-lo. Sem necessidade de recorrer à memória, senão àquela do poeta que um dia se saiu com tão belo e eloquente pedaço de escrita que a todos deslumbrou e fez recordar que a vida é aqui, é agora, é a simples contemplação do que nos rodeia.

Muito à frente

por migalhas, em 15.03.07

Estudo recente da Associação Norte-Americana de Construtores Imobiliários, revela novidades, no mínimo curiosas, a acontecerem na maioria das habitações de luxo a partir de 2015.  Assim, e em virtude de alguns fortes motivos apresentados, entre eles a diferentes horários de trabalho, perturbação do sono devido ao ressonar de um dos parceiros ou cuidados a ter com os filhos durante a noite, são propostas alterações capazes de combater todo e qualquer flagelo, deste e de outros tipos análogos. Desta forma, é intenção de quem de direito que a partir dessa data as habitações de luxo nos EUA passem a contabilizar dois quartos conjugais, vulgos quartos de casal. Marido de um lado, respectiva do outro, cada um no seu espaço, onde se inclui uma cama, e com a tendência que aquele povo mostra para as escapadelas fortuitas, mais me parece uma forma de incentivo - algo permitido, diga-se - a aventuras extra relação. A não ser que se use como desculpa para esta nova moda - disfarçando assim a falsa moral que por lá se diz haver -, o facto deste modelo dos dois quartos conjugais poder servir fins bem mais humanitários, ou seja, como meio de melhor acolher pais e avós do respectivo casal. Chiça! Antes andarem a encornarem-se um ao outro, caramba! Mal por mal, que se tire algum proveito desta inovadora ideia, made in USA. Mas nem tudo são decisões polémicas, não senhor. É que consta também que a partir dessa mesma data, 66% das casas topo de gama vão ter uma cozinha exterior equipada com, imagine-se, um distribuidor de cerveja fresca. ALELUIA! Praise the Lord! Isto sim, é uma ideia assaz brilhante e o quanto antes a ser adaptada pela nossa associação de construtores. Quiçá mesmo antes de entrar em vigor lá nas Américas. Pois se se ela é boa, a ideia e a cerveja, que se avance logo, sem medos. Bons exemplos como este, são para se seguir, certo?

O que os meus olhos viram

por migalhas, em 14.03.07

A semana em Londres já lá vai. Correu veloz, assim como veloz foi o ritmo que imprimi aos muitos passeios que por lá dei. Entenda-se este veloz, dentro dos limites possíveis face à constante presença de um carrinho de bebé que, com o respectivo a bordo, nos seguiu por ruas e vielas londrinas na busca de toda e qualquer novidade relevante. Que, a bem dizer, eram quase todas. Retenho a movimentação das muitas massas que por ali habitam, trabalham, passeiam, num ritmo de todo fora do comum para um mortal tuga. Se contabilizarmos que só naquela cidade habitam tantas pessoas como as que se espalham pela área total do nosso país, dá para ficar com uma ínfima ideia do que é enfrentá-los a todos em cada rua, em cada esquina. Depois existe tudo o resto, que não sendo muito diferente de Lisboa, o é em dimensões. Quer-se dizer, por ali tudo é em grande, mesmo na ausência de arranha-céus, o que só beneficia a cidade. Edifícios que são autênticos monumentos, numa traça que se perpetua e que mais não faz que embelezar um todo harmonioso, a servir de exemplo a muitas outras cidades, onde se inclui a nossa Lisboa. Não quero comparar e olhar os aspectos negativos da nossa cidade, face à sua congénere britânica. Nada disso. Até por que muito dificilmente trocaria uma pela outra. Compreendo agora muito melhor a ânsia dos brits pelo sempre tão ansiado sol e respectivas temperaturas amenas. Se com apenas 4/5 graus eles, e principalmente elas, já quase que se despem sem qualquer tipo de pudor, imagino com mais meia dúzia de graus em cima. Realce ainda para o bom gosto das indumentárias, de um tom sempre fashion que se respira e se saúda, e do à vontade com que cada um se assume, num claro contraste com a importância que por cá ainda se vai dando ao aspecto com que cada qual se apresenta. Foi uma semana de intensa actividade turística, que essencialmente serviu para acrescentar currículo ao circuito das cidades que são já do meu conhecimento e onde Londres assume uma posição cimeira, sem margem para quaisquer dúvidas. A ver vamos qual será a próxima, sabendo de antemão que muitas existem ainda neste meu Portugal a merecerem uma visita. Isto por que, segundo opinião minha, é muito mais gratificante dedicarmo-nos a conhecer o que de bom existe lá por fora, após um conhecimento profundo do que possuímos cá dentro. Mais que não seja para evitar comparações, que, depois, nos arrependemos de proferir, apenas por desconhecimento. É que se existe algo que também temos em fartura, são cidades, vilas, aldeias, lugares e lugarejos deslumbrantes, quase sempre adornados com a presença imprescindível do sempre aprazível sol e a vantagem da proximidade do mar, o que perfaz um cenário atraente a todos os níveis. Que o digam os bifes. Que constantemente nos procuram e por cá vão deixando a imagem errada do que é ser inglês. Pelo menos daquele originário da Londres que agora acabei de conhecer.   

British for a while

por migalhas, em 02.03.07

A week in London town. É isso aí. De malinhas feitas para a minha primeira paragem por terras de sua majestade. God s(h)ave the Queen! Todos me dizem que vou adorar. I believe. Na lista de coisas a fazer e a ver, encontram-se os museus, os muitos museus que, ao contrário da nossa terra, atraem visitantes que, entusiasmados, parecem até ter orgulho naquilo que possuem. Espero cumprir pontualmente com os horários, pois não quero ser acusado de falta da tão afamada pontualidade britânica. Em londres, sê londrino! E que não seja apenas para inglês ver. Assumido, com sotaque, de preferência. Um gentleman, sem rodeios. E depois de muito palmilhar, nada como um reconfortante cházinho. The tea time. Também ele pontual, como num ritual, impossível de falhar. E os Scones? E os Muffins? Ai, ai, que já me estou a ver desgraçado, cheio de migalhas nos bolsos. E, já agora, na companhia de algumas libras. Pesadas, caras, quase inalcansáveis. Yes para aqui, yes para ali, sem nunca fraquejar na língua. Que os bifes ainda me descobrem a careca e resolvem vingar os feitos do nosso grande Ricardo, coração de leão, por alturas de se opôr às penalidades britânicas. Mourinho, Mourinho, you’re the best! Afinal temos por lá um representante à altura, quem sabe me cruze com ele num qualquer pub e juntos bebamos uma Guinness, ao mesmo tempo que brindamos aos nossos sucessos. Espero é não encontrar pela frente nenhum grupinho de hooligans ou vou ter de os driblar ao mesmo tempo que grito a plenos pulmões pelo tuga da gabardina, um tal de José. Haja nevoeiro, a que tratam por fog, e terei onde me resguardar. Acho que vai ser giro. A viagem da minha vida? É prematuro afirmá-lo, mas espero fazer muitas outras de modo a tornar a decisão bem mais difícil. Outro resultado desta semana de ausência, é uma igual ausência de escritos aqui por este espaço. Depois de dia 11, voltamos a falar. Até lá, see you!