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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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A culpa morre solteira, nós de tédio

por migalhas, em 30.10.06

No acidente de Entre-Os-Rios, ninguém foi culpado pelo estado em que se encontrava a ponte no momento da queda de um dos tabuleiros que resultou na morte de 59 pessoas. No caso Parque, um ex-assessor da Câmara Municipal de Odivelas preso preventivamente desde 24 de Abril de 2004, e condenado em Fevereiro deste ano pelo Tribunal da Boa Hora a 19 anos (posteriormente reduzida a 14) de prisão por crimes de abuso sexual de crianças, actos homossexuais com adolescentes e posse ilegal de arma, foi libertado porque estava preso há 30 meses, ultrapassando o prazo máximo de prisão preventiva para este caso. No já enfadonho e arrastado caso de pedofilia da Casa Pia, certamente os culpados serão dados como inocentes e seguirão com as suas vidas, como se aquilo que protagonizaram, mas que ninguém conseguiu (ou quis, ou pode, ou...) provar, nada fosse. Alguém há-de acabar por culpar as crianças pela sua conduta imprópria e muitos dos abusados acabarão atrás das grades para que sirvam de exemplo a outros alunos da mesma instituição. No caso das ilegalidades agora provadas pelo Tribunal Constitucional, em que se constata que todos os partidos políticos infringiram a lei no financiamento das campanhas para as eleições legislativas, ou seja, ninguém sabe realmente quanto dinheiro entrou para as campanhas de cada um nem de onde veio, assim como se desconhece o que saiu e para aonde foi, certamente tudo será devidamente abafado, como é do seu interesse. Se contabilizarmos que entre estes se encontram aqueles a quem foi dado um voto de confiança nessas mesmas eleições para elaborarem as leis que nos regem e zelarem pelo seu cumprimento, então estaremos seguramente perante mais um caso que cairá em saco roto, do tipo em que ninguém sairá culpado seja pelo que for. Muitos outros exemplos se seguiriam, mas nem eu tenho tempo, nem as pessoas paciência para deles ouvirem falar. Ainda se, por uma vez, mesmo sem exemplo, justiça fosse feita, talvez alguém se propusesse a dar ouvidos a estes casos em que, invariavelmente e como disse o iluminado mas nem por isso menos fugidio com o traseiro à seringa (nomeadamente no caso de Entre-Os-Rios) senhor Jorge Coelho, a culpa morre solteira. É a justiça que temos, ou aquela que é possível, face ao poder dos lobbies e da sua pesada influência nesta versão já muito puída, mas ainda assim a dar cartas, da República das Bananas. Onde tudo se faz, tudo se permite e ninguém é chamado sequer à atenção.

Tento na língua

por migalhas, em 26.10.06

Numa época em que cada vez se escreve pior, em que os erros de português abundam e pouca ou nenhuma importância se dá à escrita, é agradável assistir a campanhas como aquela que actualmente o Millennium bcp tem no ar. Não está em causa se a mesma tem piada ou não. Assim como não está em causa a boleia que resolveu apanhar do sucesso obtido pelos Gato Fedorento, fazendo uso de uma figura igualmente de proa no contexto da stand-up comedy em Portugal. Nada disso se questiona. O que a mim me faz alguma “comichão”, é o facto de uma instituição responsável como o Millennium, que se assume como mecenas cultural e que, por isso mesmo, dedica às artes e cultura uma atenção bem para lá de especial, se associar à degradação que grassa entre a juventude ao nível da nossa língua mãe, colando-se a uma vertente errónea da escrita hoje muito em voga entre a camada mais nova em virtude do uso e abuso dos telemóveis, em particular das mensagens escritas, vulgo sms. Ao aprovar um headline onde consta a palavra “queres” escrita com um K (keres, portanto) esta instituição perde de vez qualquer credibilidade que deseje comunicar, mesmo sob o pretexto (indesculpável) de querer (ou será kerer?) falar com os clientes mais jovens por via de uma comunicação mais irreverente. Irreverente sim, mas didáctica e instrutiva. Que ensine, que sirva de veículo positivo, que seja um up grade cultural e traga algo mais a quem já sabe tão pouco e pouco se incomoda com isso. Agora entrar na onda do erro e incentivá-lo (tipo, se não podes com eles, junta-te a eles), mostrando claramente que é permitido escrever mal ao dar este péssimo exemplo (pois se o Millennium o faz, por que não o posso eu fazer também), é que me parece em clara oposição com tudo aquilo de positivo (também é bom dizê-lo) que até agora defenderam, propuseram, apoiaram. Os bons exemplos, aqueles que interessa realmente seguir e adoptar no nosso dia-a-dia, cada vez mais falho dos mesmos, devem continuar a vir de cima. Mas com coerência. Pois se a malta hoje já mal consegue interpretar um texto básico, como é que vão interiorizar o que está bem e diferenciá-lo do que está mal? Eu que também trabalho em publicidade, sou da opinião que esta deve servir igualmente de importante veículo didáctico, mais que não seja por que é vista por milhares todos os dias. Pois só assim se pode salvaguardar uma língua que cada vez mais corre risco iminente de vida.

Money talks

por migalhas, em 23.10.06

Tal e qual os cogumelos, que crescem frescos e viçosos em ambientes dados à humidade, também a proliferação de novos ricos, em particular na ex-União Soviética, parece ser uma praga. Nem todos serão conhecidos fora de portas, como é o caso de Roman Abramovich, o magnata apaixonado por futebol que comprou o Chelsea de Mourinho, mas a verdade é que são cada vez mais os abastados a dar cartas em clara oposição à pobreza que grassa igualmente e a bom ritmo. Vendo-se subita e, muitas das vezes, inesperadamente detentores de somas astronómicas, estes senhores julgam tudo poder comprar com o seu dinheiro. Foi o caso da recente proposta feita por um destes magnatas a uma das mais mediáticas estrelas de Hollywood, aquando da sua passagem por Moscovo para a inauguração de uma boutique de luxo. A estrela era, nada mais nada menos, que a quarentona mais em forma da actualidade, a diva Sharon Stone, a quem este senhor propôs a soma de um milhão de euros a troco de uma noite na sua companhia. A proposta, de carácter algo indecente como aquela que serviu de base ao argumento do filme com esse mesmo título, foi feita por um empresário têxtil abonado e ao que consta recusada pela actriz que nem sequer lhe terá atribuído qualquer importância, limitando-se a sorrir face aos piropos de que era alvo. Como se um milhão de euros a ela fizesse uma diferença por aí além. Independentemente do resultado obtido, uma coisa é, no entanto, certa: para além de dinheiro, este sujeito possui igualmente um bom gosto inquestionável. E não se pode criticá-lo por ter tentado a sua sorte. Arriscou e não petiscou, como desejaria. Mas pelo menos arriscou. E muito, diria mesmo. Pois cego pela beleza da actriz, certamente esqueceu que a mesma se celebrizou por eliminar amantes de ocasião com um, igualmente tornado célebre, picador de gelo. É o poder do dinheiro a falar mais alto e a abrir caminho às mais diversas e impensáveis divagações daqueles que o possuem em quantidades invejáveis. O limite começa a ficar bem para lá do céu, como o demonstrou na última passagem de ano um grupo de multimilionários russos, quando decidiram comemorar a chegada do novo ano alugando um avião com piscina, pertença de um sheik árabe, onde tiveram o prazer de assistir a um show privado de Tina Turner e Mariah Carey. É, de facto, privilégio apenas de alguns. De uns poucos que cada vez vão sendo mais e que, como coelhos, parecem querer reproduzir-se em série para tomarem de assalto todo o género de prazeres terrenos a que de outra forma dificilmente se tem acesso. É uma verdade indesmentível que o dinheiro abre muitas portas. Que tudo, ou quase tudo, permite. Resta saber até onde irão os limites do imaginável. Parece óbvio que novos limites devam ser estabelecidos. Ou depressa se perderá toda e qualquer dignidade que possa estar ainda subjacente a certas e determinadas propostas.

Culpados!

por migalhas, em 18.10.06

Este nosso governo está cheio de bestialidades. Aliás as crescentes contestações nas suas mais diversas área de actuação, são a melhor prova disso mesmo. Depois de decisões deliciosas como o encerramento de umas quantas urgências hospitalares e de várias salas de parto, do aumento das taxas moderadoras, da redução das comparticipações do estado na compra de medicamentos, só para referir algumas preciosidades, eis que nos brindam com nova barbaridade, desta feita o aumento da electricidade para os consumidores domésticos. Não bastava haver novo aumento, este ser, de facto, algo de impensável, 15,7% (!), ainda vem o pateta deste secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação declarar que «a culpa» do aumento previsto para 2007 é, exclusivamente, do consumidor! Dá para acreditar nesta aberridade? Como é que uma besta destas chega ao governo, mesmo como adjunto? Como é que um suposto governante do nosso estado vem a público colocar as culpas de mais uma asneira do seu executivo na pessoa do consumidor? Diz ele, do alto do seu pedestal,  que em última análise a culpa deste aumento - que reconheceu ser grande - é dos consumidores, baseado no facto deste ter estado vários anos a pagar menos do que devia. Como até este ano a lei impedia uma actualização de preços acima da inflação, o que originou um défice tarifário, na opinião deste senhor, «este défice acumulado só pode ser imputado aos consumidores». É incrível a cara de pau deste gajo. Então o consumidor é que tem a culpa das leis vigentes que cada nova leva de governantes aprova a seu belo prazer e ao sabor das respectivas políticas? 15,7% Sobre uma das electricidades mais caras da Europa - cuja culpa também deve ser nossa, certamente - vai para valores que nem as mais ricas das nações conseguem suportar. Somos de facto um país de excessos, a dar a impressão de que vivemos todos à grande e... à portuguesa! Que soberba a deste senhor, deste governo, que enquanto não nos levarem a todos à miséria não vão descansar. Alguém dizia há dias, e muito bem, que cada vez mais este governo se assemelha ao do “saudoso” Eng.º Guterres. Também este se propõe a afundar o país, restando a dúvida se também o vai abandonar quando já não haver ponta por onde lhe pegar. A isto chamo de “ensaio continuado sobre a cegueira” por parte da população, que continua a teimar em que estes é que sabem o que é melhor para o país e, consequentemente, para todos nós. A esses apenas lhes digo: ACORDEM! Ou ainda não perceberam que as fortunas que pagam em impostos, em taxas, em juros, em luz, em água, em gás, em medicamentos, em transportes, em saúde, no ensino, em livros, em automóveis, em combustíveis, em habitação, e por aí fora, é apenas culpa vossa? Este governo lava daí as suas mãos. Resta saber se a consciência ficará igualmente bem lavada, agora que arranjaram o bode expiatório perfeito para as suas gafes e argoladas quotidianas. Continuem a votar neles, façam isso. Como vêem, eles até vos recompensam, colocando-vos a culpa de todo o mal que por lá vão fazendo. E ele há tanto para fazer ainda.

Quem tem cu...

por migalhas, em 17.10.06

Quem tem cu, tem medo. Esta verdade indesmentível aplica-se a qualquer um, mas mais àqueles que sabem ter algo a esconder e que de alguma forma têm o rabo preso, por assim dizer. É engraçado como tudo vai dar ao ânus, salvo seja. Será alguma conspiração silenciosa contra este complexo bode expiatório do nosso corpo? Silenciosa para alguns, mas farta em ruídos e composições sonoras divagantes para aqueles outros que dominam a flatulência como se de uma arte se tratasse. Mas voltando ao tema que aqui me traz, já ninguém considera inocente a figura do senhor presidente dos EUA. Esse sim, terá n razões para se sentir ameaçado por todos os lados e mais alguns, que ele mesmo acabe por inventar. E terá sido precisamente isso que aconteceu, no momento em que ordenou a detenção de uma adolescente de 14 anos, posteriormente interrogada pelos serviços secretos dos EUA após ter publicado algumas ameaças ao senhor George W. Bush num site para jovens na Internet. Mesmo tratando-se de uma rapariga de apenas 14 anos, os agentes federais não foram de modas e vai de irromperam pela aula de Biologia a que Julia Wilson assistia na escola McClatchy de Sacramento, na Califórnia, levando-a para um interrogatório que durou 15 minutos. E todo este aparato por que Julia protestou contra a guerra e contra a política de Bush num fórum virtual, cuja página continha caricaturas do presidente dos EUA e mensagens ameaçadoras. Ora se este senhor – que agora se amedronta com simples adolescentes - vai de começar a mandar interrogar todos quantos até hoje já expuseram, seja de que forma for, opiniões divergentes às que regem a sua forma de agir no mundo, então é melhor desistir antes mesmo de começar. É que mesmo que fosse essa a sua intenção, nem duas vidas consecutivas dariam para sujeitar os milhões de contestatários à sua política a interrogatórios sumários de uns meros 15 minutos. Bastaria fazer as contas, para concluir que, se calhar, não será esta a forma que irá permitir ao dito senhor escapar com o cu à seringa. Mesmo continuando a deitar as culpas que todos os dias lhe atribuem para trás das costas, ele sabe que as que tem no cartório vão para lá das que lhe permitam sequer ambicionar a uma desculpa às portas do céu. E nem aquela sua cara de bebé chorão lhe irá valer do que quer que seja, na hora de prestar contas lá em cima. Bem sei que, com estas terríveis ameaças à sua integridade moral (será que tem?) e física, me arrisco a ser o próximo alvo de um interrogatório a seu mando. Por que neste mundo tudo se sabe e ninguém tenha a pretensão de estar a salvo dos serviços secretos que prestam contas diárias aos manda-chuvas que gerem os destinos do globo. Razão por que talvez este senhor, cada vez mais amedrontado e isolado no seu cantinho de poder instável e temporário, veja em tudo e em todos a ameaça que ele mesmo continua a querer infligir, mas de que não é o único conhecedor. Cá se fazem, cá se pagam. E esse é o seu verdadeiro medo. Saber se tem com que saldar a conta que lhe vão apresentar no fim da sua actuação nesta peça há tempo demais em cena.

Mentes brilhantes

por migalhas, em 16.10.06

Lembram-se da mais afamada cura para as irritantes crises de soluços que por vezes nos atormentam? Quem nunca passou pelo desespero destas contracções involuntárias e consecutivas e, subitamente, por obra e graça de um providencial susto pregado por um terceiro atento, ou já farto de nos ouvir, a coisa desaparece tão subitamente como surgiu? Não resulta sempre, mas quando acontece, benza-o Deus! Só que a história do susto, implica a presença de alguém que se proponha a proporcioná-lo. O que levanta a questão: e quando estamos sós e desamparados? Sem ninguém por perto, disponível para quase nos levar à morte com aquele susto milagroso. Haja esperança. Graças aos IG Nobels da Paz, prémios que distinguem o que é original e criativo, com o objectivo de despertar o interesse das pessoas pela ciência, medicina e tecnologia, existe agora um outro remédio para os soluços. Resultado de um estudo feito por israelitas e americanos, e que acabou por arrecadar o prémio na área da Medicina, ter soluços a sós não só tem solução como ainda é de todo conveniente. Por que, segundo estes estudiosos, quando eles aparecerem é só, imaginem, meter o dedo no cú! E já está! Os ditos deixam-nos em paz, até à próxima. Agora só gostava era de assistir ao método de estudo seguido por estes investigadores para chegarem a esta brilhante conclusão. Será que andavam lá pelo laboratório a meter o dedo no cú uns dos outros e a questionarem-se: “Já te passaram os soluços ou queres mais?” Grandes festas de ânus devem ter acontecido por aqueles lados. Resta saber se funciona mesmo, mais agora que depende apenas de nós pará-los. Claro que um terceiro continua a poder marcar presença, para quem goste e não se incomode com a técnica em si. Resta explicar ainda que os IG Nobels foram criados em 1991 e que todas as pesquisas são verdadeiras e publicadas em revistas científicas de prestígio, caso da publicação “Annals of Improbable Research”, que co-patrocina os prémios. “Anais de Pesquisas Improváveis”. Pois claro que sim, tem tudo a ver. Refiro ainda que entre os vencedores o destaque foi igualmente para um mecanismo que repele adolescentes - invenção de um galês que emite um som estridente inaudível para adultos, mas que irrita solenemente os adolescentes pondo-os a milhas! - e para um relatório que explica cientificamente a razão pela qual os pica-paus não ficam com dor de cabeça mesmo depois de horas seguidas a picar nos rijos troncos das árvores, e que venceu o galardão na categoria de Ornitologia. Como se pode comprovar, felizmente que em todo o mundo existem pesquisadores e estudiosos sempre atentos às necessidades de cada indivíduo ou prontos a saciar a sua curiosidade. Bem-hajam, homens da ciência!

Paraskavedekatriaphobia

por migalhas, em 13.10.06

Embora com algumas semelhanças, ou talvez seja apenas da minha cabeça, este palavrão nada tem a ver com a Perestroika, uma das políticas introduzidas por Mikhail Gorbachev na ex-União Soviética, em 1985. Tão só corresponde ao termo técnico usado para definir o medo/fobia pela sexta-feira 13. Tornadas célebres graças a uma série de filmes de baixo orçamento - que remontam igualmente aos anos 80 - mas que provocaram altos sustos a quem os viu por via do seu eterno protagonista, Jason Voorhees, as sextas-feiras 13 têm preenchido o imaginário colectivo das formas mais diversas, mas sempre associadas a alguns receios e cautelas especiais. Por norma, é crença popular que qualquer sexta-feira 13 corresponde a um dia de azar. Na origem desta superstição está o dia 13 de Outubro de 1307, sexta-feira, quando a Ordem dos Templários foi declarada ilegal pelo rei Filipe IV de França, o que levou à perseguição dos seus membros por todo o país, respectivo encarceramento, tortura e consequente execução, justificada por actos de heresia. Há quem defenda um outro argumento para explicar toda a carga emocional associada a este dia e que tem directamente a ver com o facto de Jesus Cristo provavelmente ter sido morto numa sexta-feira 13. Recorde-se ainda que, tempos antes, uma tal de Última Ceia juntou à mesa de uma tasca treze apóstolos, sendo que Jesus e Judas Iscariotes morreram logo após, não devido a nenhuma intoxicação alimentar, mas mortes trágicas mesmo. Jesus, como se sabe, por execução na cruz, e Judas, provavelmente, por suicídio. Pessoalmente, considero que a populaça vê a sexta-feira 13 como sinónimo de azar, apenas por que calha à sexta-feira, dia de trabalho. Por que quando este mesmo dia 13 coincide com um sábado, ou mesmo um domingo, como já aconteceu vastas vezes, não vejo ninguém a aludir ao facto. Quais gatos pretos, qual quê. A malta acha que azar mesmo é ter de ir trabalhar. Ter de andar de transportes, ter de aturar as filas de trânsito, ter de aturar o patronato, os colegas de trabalho e tantos outros “fretes”, quando as alternativas eram tantas e tão apetecíveis, para isso houvesse a sorte de acertar sozinho no jackpot do Euro Milhões. Que por sinal se joga hoje! E se, por mera fortuna, me calhasse em sorte, a mim e só a mim e logo no dia de hoje, a imensa fortuna que se acumula há já várias semanas? Teria eu coragem de voltar a encarar outra sexta-feira 13 como motivo de malapata?

Versão reduzida

por migalhas, em 12.10.06

Depois dos terríveis atentados protagonizados a 11 de Setembro de 2001 pelo grupo terrorista Al-Qaeda, em que dois aviões previamente desviados embateram nas torres gémeas levando à sua queda, eis que a história se repete. Tudo se terá passado ontem, coincidentemente ou não com novo dia 11, este de Outubro, quando, coincidentemente ou não, nova aeronave escolheu como alvo um edifício nos EUA. Embora os contornos deste caso, contado assim desta forma breve, dêem a ideia de se assemelhar ao que então se passou em 2001, a verdade é que desta vez os responsáveis se mostraram muito mais contidos. Quem sabe se devido aos cortes orçamentais de que foram eles vítimas logo após os ataques, e que incluíram o fecho de várias contas bancárias e a respectiva confiscação do recheio das mesmas, quem sabe se falhos em criatividade, aquilo a que desta vez se assistiu bem se pode definir como uma fraca réplica, um parente pobre ou uma versão série z de baixíssimo orçamento, desses outros mega eventos. A começar pela cidade escolhida, Manhattan, até à aeronave usada, que desta vez não passou de uma simples avioneta, passando pelo edifício em que foi embater, de apenas 50 andares, tudo revela uma poupança em larga escala de fundos para o ataque à grande e maléfica potência que são os EUA. Estará a perder fulgor a ira, a fúria, o ódio de que se reveste esta ridícula guerra santa? É o que dá a entender. Pois até ao momento em que escrevo estas linhas, organização alguma reivindicou a autoridade do atentado. Resta saber se alguém irá fazê-lo. Mais que não seja por vergonha, uma vez que a bitola no que respeita à grandiosidade e espectacularidade de atentados terroristas é agora bem mais elevada. Organização terrorista que viesse agora reclamar para si este atentadozito quase que insignificante, certamente seria alvo de chacota e muito possivelmente perderia o direito a designar-se de grupo terrorista, sendo inclusive expulso da ordem das organizações terroristas. Consta que o piloto que comandou esta pequena aeronave rumo ao seu destino predial, seria um cidadão americano e ainda por cima jogador de basebol. Mais uma prova evidente ou, se quisermos, nova acha para a fogueira de quantos ainda hoje defendem que os atentados de 11 de Setembro de 2001 terão sido uma produção caseira de elevado orçamento. Resta falar das vítimas, num total de duas e onde se inclui o próprio autor, o que é também indicativo da gritante falta de condições e de meios com que se debatem actualmente as organizações que têm por finalidade espalhar o medo e o terror pelo mundo. Quem diria que, também eles, um dia viriam a sofrer com os cortes orçamentais, como se de simples mortais se tratassem. Pois não convém esquecer que pedir a um grupo terrorista para apertar o cinto, não é bem a mesma coisa que pedir-lhes para apertarem o botão que vai detonar a bomba que abraçam.     

Susto matinal

por migalhas, em 10.10.06

Ao passar apressado pela banca dos jornais, olhei de soslaio e eis que a minha alma ficou parva! Parei, tinha de o fazer, e fixei o olhar no que me travara a marcha. Uma notícia dizia em grandes parangonas “Cavaco visita prostitutas”. Boquiaberto, fui acotovelado por uns quantos transeuntes de automático ligado que pareciam não se incomodar minimamente com o que ali se expunha aos olhos de quantos quisessem ver. Nada mais, nada menos, que a vida particular do nosso presidente. A figura número um do país exposta daquela forma gratuita, sem qualquer dignidade, como se de um convidado de um programa televisivo de segunda categoria se tratasse. Já tinha ouvido e lido muita coisa sobre a nossa classe política, e em particular deste nosso recente presidente, de que sou simpatizante, mas não fazia a mínima ideia de que aquilo lá por casa dele estivesse assim tão mal. Mal ao ponto do homem ter de recorrer aos préstimos das ditas mulheres da vida. Que vergonha! Não era nada comigo e ainda assim senti-me embaraçado. Que figura iria agora transparecer deste nosso miserável pedaço de terra para o resto do mundo? Se nações há que são faladas devido aos testes nucleares que realizam, numa clara posição de força e autoritarismo, esta nossa passa a vida a ser “gozada” pela comunidade internacional, fruto das mais escabrosas atitudes dos seus principais responsáveis. Será que a nossa primeira dama já desconfiava? Será que ficou a sabê-lo como eu, pelos jornais? E eu que o tinha a ele, Cavaco, como um homem íntegro, exemplar, digno de se lhe seguir as pisadas. Mais uma desilusão! Em quem acreditar? De facto, cada vez menos individualidades parecem merecer a nossa confiança, o nosso respeito. Todos os dias se ouve, se lê, que este ou aquele fez isto ou protagonizou aquilo, sempre pela desprestigiante negativa. Minutos passaram, comigo ali especado, até que nova cotovelada, esta mais intensa, como que me despertou para o subtítulo que, em baixo e em letrinhas bem mais pequenas, completava a notícia: “... sem-abrigo e idosos. Excluídos de Lisboa na rota do presidente”. Os meus olhos voltaram à forma esbugalhada inicial, à medida que me aproximava mais e mais do jornal. Lida a notícia na sua íntegra, consegui amainar o meu espírito ainda revolto. Afinal tudo não passara de um terrível mal entendido. De um truquezinho sujo. Obra de um qualquer jornalista armado em espertinho, que assim julgava poder vender uns exemplares a mais para mostrar resultados ao seu chefe. Apaziguada a ira, e refeito deste susto matinal, respirei fundo e segui viagem. Pela frente tinha a minha vida para viver, longe destas tricas mundanas, longe dos mexericos.

Inteligência a dobrar

por migalhas, em 06.10.06

"Estudo revela que os bebés amamentados possuem um QI mais elevado, não por causa do leite materno, mas por que as mães revelam maior inteligência."

Nada que eu não soubesse já e que diariamente comprovo lá em casa. Parabéns Ana, parabéns Sara.  

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