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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Droga de vida

por migalhas, em 12.07.06

Os videojogos criam dependência e actuam sobre o cérebro da mesma maneira que o álcool ou a cannabis. Quem o afirma não sou eu, mas sim uns quantos cientistas alemães que o justificam num estudo agora apresentado em Viena. Eu bem que desconfiava que aquele stresse de perseguir automóveis a alta velocidade em plena cidade ou de ter de derrubar monstros e inimigos em barda com vários balázios certeiros, algum mal havia de provocar. Principalmente naqueles que não tiram os olhos, seja da PSP, do Game Boy, da X-Box ou do Nintendo. Eu é que não entendo o gozo daquilo, a sério. Dizem que é o melhor escape para a pressão do dia-a-dia, mas a mim causa-me ânsias, nervoso miudinho e muitas vezes uma irritabilidade difícil de controlar. Escape? Antes bater na avó! Agora deixo de me admirar com aquelas crianças ainda de tenra idade mas que já mostram clara dependência daquele género de jogos. Eles vestem-se, eles comem, eles fazem todo o percurso casa escola e vice-versa, onde se inclui atravessar estradas com um relativo movimento de automóveis e afins, sem arrancarem os olhos, uma vez que seja, dos pequenos ecrãs que transportam consigo e dos quais dependem como o ar que respiram. Chega a ser impressionante a forma como se deixam manipular por uma simples caixinha que julgam dominar mas que, em contrapartida, é ela que os domina a eles. Total e completamente. Não admira depois que esta geração não saiba escrever correctamente, não demonstre apetência pela leitura, não saiba apreciar um filme com outro conteúdo que não os directamente relacionados com violência, sexo e acção ilimitada, em resumo, que centre os seus limitados interesses no universo dos jogos de computador. Como se a vida fosse um jogo, onde realidade alguma tem lugar marcado. Talvez por isso demonstrem vezes sem conta uma certa repulsa pela vida que levam, aquela bem real que afinal é comum a todos, mostrando-se irados e contestatários face ao facto de que essa não se constrói jogada a jogada, passando de níveis e acumulando vidas que depois podem ser usadas sempre que disso tenham necessidade. E mais importante, poderem desligá-la sempre que queiram com um simples off no aparelho. Mas não é este o resultado de qualquer dependência? A ânsia de repetidamente atingir níveis de consciência acima dos que são tidos por comuns? Como uma droga, os videojogos também o permitem. E está tudo explicado.