Maus exemplos
Alguém que me explique, como é que pode haver quem (mesmo que a figura em causa tenha sido considerado já por outras vezes o melhor dos melhores na sua actividade, mesmo que fizesse a despedida da sua carreira naquele jogo, mesmo que fosse indiscutivelmente um mago na arte de tratar o esférico) ganhe a Bola de Ouro, o equivalente ao melhor jogador do torneio, depois de protagonizar aos olhos de todo o mundo uma das mais vis e premeditadas agressões de que há memória? Depois da FIFA apelar ao desportivismo, ao “fair play”, e disso fazer cavalo de batalha, como é que se permite atribuir este troféu a alguém que, pura e simplesmente, age em clara oposição a estes propósitos por si defendidos? Então o nosso Ronaldo perde o troféu de “Melhor Jogador Jovem” claramente prejudicado pelas supostas simulações de voos e quedas que sofreu ao longo da prova, muitas delas resultado de faltas bem reais e graves sobre ele cometidas, e este senhor ganha o maior troféu individual da prova depois de se atirar que nem um touro e de forma deliberada ao peito de um seu colega de profissão, ainda por cima em plena final? Meus senhores, de boas intenções está o inferno cheio. O bom senso é bonito, mas necessita que as entidades competentes o pratiquem e o façam chegar genuíno aos respectivos destinatários. Que dêem o exemplo, por assim dizer. Se queriam compensar o “astro” pelo facto da companhia de estrelas que liderava não ter conseguido erguer o troféu de campeão do mundo, que o fizessem num evento especialmente concebido para tal. Por que sei que vão haver alguns e merecidos, diga-se. Agora andar a anunciar aos sete ventos que a violência, o mau carácter, o mau perder, não levam a lado nenhum e depois darem o dito por não dito e premiarem essas mesmas facetas tidas por negativas, é que não me parece exemplo que jovem algum possa apreender e dele fazer uso para o seu futuro como profissional. Posto isto, parece-me justo referir o carácter de grande maturidade demonstrado pela nossa jovem estrela, quando comparado com este grande senhor que, na altura de dizer adeus, se esqueceu que é sobre os grandes líderes (a que pertence claramente) que recai a enorme responsabilidade de mostrar aos mais novos como se deve estar no futebol. E assim como ele quis mostrar, é que não é de certeza.