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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Tudo tem um fim

por migalhas, em 10.07.06

De facto, tudo chega a um fim. Inevitavelmente. Não fosse essa a maior das certezas, e por que não dizê-lo a única, que nos persegue em vida. De que esta terá sempre um fim, em forma de morte. Mas se a maioria das mortes não se anuncia, esta de que aqui falo agora está anunciada para mais logo, a partir das 22h35, no canal dois da nossa televisão pública. Trata-se do último episódio da brilhante série “Sete palmos de terras”, no original “Six feet under”, que se despede dos seus fiéis seguidores com aquele que foi já por muitos considerado como o mais incrível episódio alguma vez feito, de quantas séries já foram realizadas. O último episódio de uma série que, como poucas, gerou justificado culto, principalmente devido à forma liberal, sem receio de convocar alguns tabus que ainda arrepiam a América mais conservadora (como a morte, a homossexualidade, as drogas, a desagregação da família, a noção da vida artística como um destino profissional viável), sem pruridos e sem papas na língua, como nos revelou o dia-a-dia da disfuncional família Fisher. Agentes funerários que, semana após semana, receberam debaixo do mesmo tecto em que faziam a sua vida, defuntos cujas histórias e universos serviram de base narrativa aos 63 episódios desta saga familiar. E não foi por acaso que Alan Ball, o criador da série, projectou a acção da série em Los Angeles, cidade que considera ser a "capital mundial da negação da morte". Era por isso inevitável que fosse também de morte que trata este derradeiro episódio, o mais longo da série (com cerca de 75 minutos), intitulado “Everyone's waiting”. Alan Ball fez questão de terminar a saga com incontornáveis pontos finais, o mais representativo dos quais será o ecrã branco que surgirá no plano final, revelando uma certa lápide ao som de Breathe, de Sia Furler. Definitivamente a não perder.