Dedicatória
por migalhas, em 14.11.05
Que significado possuem os feitos que protagonizamos em vida? Às vezes pergunto-me qual o intuito dos mesmos. Serão recompensas pela actuação por que nos pautamos diariamente durante o curso das nossas vidas? Será que estavam já estipulados e apenas nos limitámos a cumpri-los, como se fosse a concretização do que nos estava destinado? Ou será que eram objectivos a que tínhamos de nos propor para, forçosamente, dar-mos algum sentido a este passeio pela avenida da vida? Custa-me a crer que sejam coincidências, felizes acasos ou meros resultados da sorte. Sempre ouvi dizer que isso da sorte é muito abstracto. Que a sorte somos nós que a fazemos e que, sem a nossa imprescindível contribuição, nem de perto nem de longe ela quereria alguma coisa connosco. Penso que temos uma missão. Todos temos, cada um a sua e em níveis de exigência e de complexidade diferentes, de acordo com o estado de cada um. Penso que são realizações a que temos de nos submeter para vencermos medos, ultrapassarmos obstáculos, descobrirmos novos caminhos, aprendermos a viver. Por isso os considero importantes, definitivos. Considero mesmo que quem vive sem objectivos, sem ambições em realizar certos e determinados feitos, acaba por não viver na realidade. Apenas por cá passa num nível primário, aguardando por subir a um outro onde então já comece a despertar para eventuais realizações. Preparo-me para o que considero ser o mais importante feito a que um homem se pode sujeitar. A poucos dias de ver nascer a minha primeira filha, fico convencido de que por muitas outras facetas que possa ainda cumprir em vida, esta será certamente a mais gratificante, a mais bela, a mais exigente. Espero saber corresponder-lhe, estar à altura, tudo poder fazer para que seja o feito de que mais me possa orgulhar. Que no dia em que tiver terminado a minha passagem terrestre, chegada a hora de avaliar o peso das missões a que me propus, possa concluir feliz que dei continuidade ao que um dia fui, ao que um dia pensei e defendi, ao que um dia sonhei. Que tenha conseguido transmitir os ensinamentos capazes de fazer da Sara uma pessoa única, que nos encha de orgulho, extensível também a ela pelos pais que teve e que tanto desejaram tê-la.