Sonho de fim de dia
por migalhas, em 01.08.05
A hora chegava. De tal forma se assumia próxima, que quase lhe sentia o odor. É sempre intensa a espera pela serenidade do fim do dia, pela brisa fresca que me vem despojar das preocupações mundanas e à beira-mar me volta a preencher de vida.
A acompanhar esse sopro sussurrado, que me revolta o cabelo num intrépido esforço por se impor na minha face agora serena, apenas a calma ondulação. Que num vaivém compassado, quase metódico, vem beijar a areia fina e suave onde faz desaparecer cada prova da minha renovada existência.
De olhos fechados aguço o ouvido e absorto nos temas quentes afasto-me para longe deste mundo conturbado, em direcção à paz, ao sossego supremo, ao verdadeiro sentido da vida.
Sigo para parte incerta, numa viagem para a qual bilhete algum é preciso. Vou apenas. E de todas as vezes regresso, conformado, pois sei que por lá não me é permitido ficar como eu tanto queria, indeterminadamente.