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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Ponte

por migalhas, em 27.05.05
Hoje parece estar quase tudo de ponte. Um termo curioso, instituído para dar forma àquelas 24 horas que se intrometem entre um feriado e um normal fim-de-semana de dois dias. Nas vésperas dessa soma desejada de vários dias de descanso, anda tudo excitado com o facto de terem ou não “a ponte”. Eu, mesmo que pudesse, nunca quereria ter uma ponte. Imaginam só o trabalho que uma coisa daquelas dá? E já não estou a pensar numa tipo 25 de Abril ou Vasco da Gama. Basta imaginar uma mais pequenina, que humildemente apenas tenha por função colocar em contacto duas margens opostas de um mesmo rio. Só uma ponte dessas já daria água de sobra pela barba. Tratar da sua manutenção, mantê-la transitável, cuidar da sinalização, cumprir escrupulosamente cada acção de fiscalização à estrutura, enfim, um sem número de coisas que dispenso bem. Mas mesmo sabendo a carga de trabalhos que uma ponte, por mínima que seja, pode acarretar, muitos são os que vivem quase que obcecados por uma, duas ou mesmo mais, durante um ano normal de trabalho. Não lhes chegam as tarefas que têm para cumprir nos seus empregos diários? Gente estranha esta, que, não satisfeita com essas tarefas, procura ainda trabalho extra nos dias que deveriam ser dedicados em exclusivo ao belo do descanso. Deixa-os. Quem corre por gosto, não cansa. Se o sonho de cada um é ter uma ponte, que a tenham. Não venham é depois dizer que lha deram e não a souberam aproveitar. Mais olhos que barriga? Talvez. Eu acho que já existem pontes que cheguem, por isso, sou contra a oferta indiscriminada de estruturas desta envergadura a qualquer um. Ou então, para as coisas serem bem feitas, deveriam avaliar-se as competências de cada pessoa que deseja ter uma ponte ou saber dos seus conhecimentos sobre a matéria. Estipulava-se um prazo para candidaturas a pontes, procedia-se a uma filtragem que daria lugar a uma selecção final e só então se colocariam esses finalistas perante alguns exercícios práticos e teóricos. Posto isto, eram escolhidos, no máximo, cinco candidatos por ano e a esses, e só a esses, se dariam as tais pontes. Ao fim do primeiro ano era feita uma outra avaliação, que tinha por objectivo avaliar o estado da estrutura, e se se visse que o seu detentor era merecedor de continuar a usufruir dela, então prolongava-se o contrato por mais doze meses. Isto sim, parece-me uma forma correcta e justa de ambicionar a ter uma ou mais pontes. Da forma como as coisas estão, até parece que vivemos na fartura, tantas são as pontes disponibilizadas. Aqui fica a minha opinião sobre este assunto. Agora tenho de ir, pois tenho uma ponte de que tenho de cuidar... a minha ponte de dia 27 de Maio. Adeusinho e até segunda!