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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Portugal dos pequeninos

por migalhas, em 21.02.05
Hoje estou triste. Triste e de algum modo incrédulo. Pois é-me inconcebível a mim pensar, como é que este povo português volta a apostar nas mesmas figuras que ainda não há muito tempo deixaram o país na situação miserável que se viu. É como apostar num cavalo que todos sabem bem que nunca irá vencer qualquer corrida, mas porque é simpático permitem-lhe uma nova hipótese. Será falta de memória? Ou será que o povo português gosta é realmente de sofrer, de viver na penúria, de se sentir (des)governado por gente que já deu mostras da mais alta incompetência política e de um desrespeito pela nação com que ninguém se parece incomodar por aí além. Se calhar, até sou eu que estou a exagerar e nem o caso é para tamanha admiração. Pois, vendo bem as coisas, tudo isto se passa num país onde a incompetência é continuamente premiada e, pelo exemplo, fervorosamente incentivada. O que, afinal, bate certo com o que acaba de acontecer. Quem, de forma alguma, não pode ficar isento de culpas neste quadro que agora se pinta, é o povo que temos. Não nos esqueçamos que são programas como uma “Quinta das Celebridades” ou um “Big Brother” que lideram audiências. Por isso, o que é que se pode esperar mais de um povo que vive na ignorância e no total alheamento daquilo que se passa à sua volta? E não estou só a referir-me àqueles que, por uma razão ou por outra, são vítimas do analfabetismo resultante da falta da escolaridade mínima obrigatória. Falo igualmente de gente formada, instruída e culta, que, ainda assim, demonstram uma incrível e incompreensível inaptidão para analisar e lidar com a situação real do país a todos os níveis. E é precisamente nesses que, curiosamente, continuam a depositar total confiança. Temo agora momentos de grande dificuldade, de enorme contenção e não antevejo perspectivas de maior para este nosso, cada vez mais, desgovernado país. Agora compreendo quando alguém dizia: “o país está à beira do abismo. Temos de dar um passo em frente”. Acredito que sim. Que estejamos à beira do abismo. O passo em frente, esse, parece ter sido dado ontem. Com o consentimento da maioria dos que se afirmam portugueses, orgulhosos da sua nação. Que nação? Esta que se confine cada vez mais à sua pequenez - que já não é só física -, à sua inoperatividade, à crescente dependência de terceiros, ao comodismo, ao deixa andar a ver no que é que dá, em resumo, à sua real pobreza? Se é desta que me devo orgulhar, então prefiro mudar de nacionalidade. Porque já vi que este nosso povo teima em não abrir os olhos. E, de olhos fechados, é normal que se esteja sempre a esbarrar nos obstáculos que nos impedem de avançar. Que Deus nos ajude, é só o que me ocorre.