"Mas onde é que esta gaja andava há vinte anos atrás"?
Pois é. Nessa altura, das duas três: ou estava por nascer, ou não chegava ainda com os pezinhos ao chão sentada na bordinha do passeio ou - at last, but never the least - andávamos com ela ao colo a dar-lhe palmadinhas nas costas, para que exteriorizasse o seu contentamento com a mais recente refeição, sorvida até à última gota.
"Agora sim, é que eu lhe pegava ao colo e lhe dava palmadinhas, dava"!
Pois, mas agora é tarde. Resta-nos admitir que, na época, não suscitaram a nossa atenção. Nem demos por elas e ponto final. Ou por estas razões ou porque era aquela gordinha feia e sempre de óculos que gozávamos na escola, ou porque era a filha do homem do talho - e assim sendo andava sempre de calças largas, galochas e um avental decorado do sangue proveniente das peças de carne que manuseava com uma perícia invejável -, ou porque era uma maria-rapaz, que sempre nos enganou ao ponto de julgarmos que ela era mesmo um gajo. Fossem quais fossem as razões, a grande verdade é que se transcenderam e, de repente, aí estão elas. Frescas e viçosas, tal e qual uma pipoca que tão depressa é grão de milho, como logo a seguir é aquele resultado final a que deitamos o dente agradados. Será daí que vem a expressão "boa como o milho"? Isso não sei, mas que agora lhe deitava o dente, ai isso deitava. O único problema é a porcaria da placa, que ainda lhe ficava agarrada a alguma daquelas coxas tenras e a punha a milhas em dois tempos. Aí, as "gajas", as "gajas"... dão com um homem em doido, é o que é. Sim, porque um homem não é de pau, certo?