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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Become Not

por migalhas, em 03.11.04
Ouvido com a atenção que cada novo projecto musical merece, o mais recente EP dos Become Not veio confirmar o que eu já esperava. Poderei parecer tendencioso se disser que conheço bastante bem dois dos seus principais elementos e tenho acompanhado com interesse o seu percurso no campo da música. Mas não. De forma alguma quero passar por tendencioso nesta minha análise a este que é o seu segundo EP de originais, ou, pelo menos, o segundo que me chega às mãos. Notórios são os cuidados postos na produção, nas excelentes vocalizações, nos teclados que enriquecem e dão vida extra aos temas e na guitarra, tão depressa crua e límpida, como logo a seguir adornada de efeitos que a fazem soar quase como que espacial. De referir ainda uma tendência, sempre de saudar, para temas melodiosos capazes de deixar uma vontade de os ouvir vezes e vezes sem fim. Exemplo disto mesmo que acabo de referir é o tema "Unhappy ending movie", segundo dos cinco que compõem este EP, uma jóia melódica onde não falta a mão cheia da produção que introduz com todo o acerto pormenores dignos de constarem ao nível do que de melhor tenho ouvido fazer por esse mundo fora. É certo que se notam influências musicais tão díspares como as de Archive, Staind, Ramp e outras, quer nacionais, quer estrangeiras. Mas quem não as tem? Ninguém é surdo ou indiferente ao que se passa à nossa volta. E quer se queira, quer não, as influências estão e estarão lá sempre, seja qual for a banda. O que importa concluir é que este é um dos mais agradáveis, interessantes e sonoramente atractivos projectos da nossa mais recente música nacional e que, como tal, convém de todo reter. Tenham eles a sorte do seu lado - pois a qualidade já a provaram - e estou plenamente convencido de que irão singrar neste difícil mundo que é o da música, mormente em Portugal. Faço votos para que os Become Not, become rapidamente unforgettable e indispensáveis em qualquer boa discografia. Por mérito próprio merecem desde já figurar entre as bandas e os projectos nacionais que mais se destacaram neste ano de 2004. Que 2005 seja apenas a confirmação e o crescimento dos Become Not como banda. Keep on the excelent work, boys! Cheers!

Atraso de vida

por migalhas, em 02.11.04
Alguém me explica qual o fundamento racional que está por trás do atraso da hora? Se já de si o Inverno poucas características apresenta que o tornem minimamente atraente aos olhos da grande maioria dos mortais, para quê torná-lo ainda menos apetecível ao roubar-lhe uma hora que depois se traduz num anoitecer prematuro, que chega mesmo - no auge da estação - a rondar as 16h00. Isto já para não falar nos brutais acréscimos nos consumos de electricidade, pois a partir das três, três e meia da tarde, já nada se consegue ver sem as luzes acesas. Uma época que, por natureza, é já de si deprimente - muito por culpa dos tons cinza com que se veste - teria todo o interesse em manter a pouca luz com que nos brinda até mais tarde. Mas não. De manhã cinzento, à tarde cinzentão e depois à noite, escuro como breu. E se as pessoas já sentem receio em andar pelas ruas devido à manifesta falta de segurança que nelas se vive, então com esta inteligente operação de atraso da hora serão ainda em menor número aquelas que se irão aventurar a sair de casa a partir das quatro, quatro e meia da tarde. E com toda a razão, diga-se. Porque raio não definem uma hora para toda a Europa e mantêm-na inalterável, seja Verão ou seja Inverno? Já para não falar da "seca" que é de x em x meses ter de estar a acertar todos os relógios que temos em casa. Pensa-se em tanta coisa e neste particular, que pode não parecer mas é de tanta utilidade, ninguém se dá ao trabalho de propor uma situação definitiva? Já alguém se lembrou que as crianças que saem da escola às cinco da tarde, o fazem já debaixo de uma escassez de luz pouco recomendada? E isto ainda é só o prólogo de uma estação que se prolongará sempre em crescendo até que de novo as andorinhas regressem para nos avisar que, em breve, teremos uma vez mais de acertar os ponteiros dos relógios, dessa vez dando-lhes uma volta inteira para a frente. Em pleno século XXI, isto parece-me tudo menos uma solução de gente evoluída. Por favor, senhores decisores. Tirem lá um tempinho às imensas responsabilidades que têm entre mãos e decidam de uma vez por todas se adiantamos ou atrasamos a hora. Pelo que sei, pelo que vejo, a vida avança, não recua. Por isso, estar a tirar-lhe sessenta minutos uma vez por ano, parece-me ser, claramente, um atraso de vida.

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