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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Modas

por migalhas, em 18.10.04
Quer se queira, quer não, a existência da humanidade tem desde sempre vindo a ser marcada por modas. Senão vejamos. Ainda há não muitas décadas atrás, homem que era homem ficava na sala a ver televisão, a beber cerveja ou a jogar às cartas com os amigos em animados serões onde as mulheres não tinham sequer lugar. Hoje, homem é aquele que ajuda a sua mulher em casa, faz o jantar, estende a roupa, passa a ferro, toma conta das crianças e até tira cursos com o propósito de saber realizar, de igual para igual, as mesmas tarefas que sempre competiram apenas às mulheres. Há não muito tempo atrás, os homens que mais despertavam a cobiça junto do sexo oposto eram aqueles genuinamente maus, feios, rebeldes e a tresandar intensamente a cavalo. Hoje, as mulheres ficam pelo beicinho com os futebolistas bonitinhos e de ar todo lavadinho ou sonham com os inalcançáveis galãs atinadinhos que se destacam na música, no cinema, nas novelas e noutras artes afins, admiram acima de tudo a sensibilidade num homem e dão mais valor aos que olham pela sua forma física e tratam da sua saúde, para tal passando horas em ginásios, clínicas ou fazendo uso duma extensa panóplia de produtos de beleza até agora apenas exclusivo delas. Em tempos que já lá vão, era o homem que se chegava à frente e declarava o seu amor à mulher ou a cortejava com a finalidade de a namorar em seguida. Hoje, são as miúdas que ainda nem tempo tiveram de largar as fraldas que se "atiram" à descarada aos rapazes e fazem deles gato sapato com os seus actualizados jogos de sedução. Ontem, mulher que mostrasse um tornozelo era considerada atrevida e muitas vezes conotada da pior forma possível. Hoje, mulher que não mostra as cuecas, o umbigo ou usa um descarado decote de deixar qualquer um de cara à banda, é considerada pudica. Ontem, eram raras as mulheres que puxavam de um cigarro em público ou que ocupavam cargos de grande responsabilidade na sociedade. Hoje, a maior percentagem de fumadores recai sobre o universo feminino e muitos são os cargos ocupados por uma cada vez maior fatia de elementos do chamado sexo fraco. Ontem, era sobre uma alimentação pesada e baseada na carne, que se pautavam os hábitos alimentares da generalidade dos habitantes do mundo. Hoje, é vê-los - muitos deles os mesmos que antes defendiam essa mesma alimentação - a optarem pelas alternativas vegetarianas, macrobióticas ou por aquelas que derivam da ancestral sabedoria oriental. Ontem, ninguém discutia a medicina tradicional baseada nas drogas e nos medicamentos que nos inundavam de químicos e afins. Hoje, é de todo natural recorrer às ditas medicinas alternativas como recurso àquilo que a outra medicina, a tradicional, não consegue solucionar, diagnosticar ou sequer explicar. Muitos mais exemplos poderiam aqui ser dados, de forma a mostrar que, ontem como hoje, são as modas que comandam a humanidade. Quais as mais aceitáveis, quais as que melhor respeitam o normal curso da evolução do homem - e aqui entenda-se também o da mulher - isso já é assunto para outro tipo de discussão. Aos olhos dos que nasceram ontem, o que hoje se passa é um claro abuso e exagero que não se sabe onde poderá levar. Aos que nasceram nos dias de hoje, é inconcebível sequer pensar naquilo por que passaram os seus antepassados ou muitas vezes até os seus irmãos mais velhos. É o progresso, diz-se. E em abono dele tudo é permitido. Coisas boas e coisas más sempre houve e continuará, obviamente, a haver. Exageros, falhas, formas de pensar, de actuar. Apela-se apenas ao bom senso, para que, pelo menos as coisas boas, não passem de modas passageiras. Para que, pelo menos essas, venham para ficar. Pois são essas que poderão encaminhar o mundo de hoje, turbulento e confuso, para um outro bem melhor, onde seja possível partilhar em conjunto de uma evolução construtiva mas, e acima de tudo, de grandes e visíveis benefícios para todos.