Amigos
por migalhas, em 15.09.04
É impressionante aquilo a que a vida de hoje nos obriga. Um exemplo que a todos, sem excepção, diz muito é o que respeita às convivências diárias. Ou seja, se contabilizar-mos o número de horas que durante uma normal semana de trabalho passamos com a família, os amigos ou as pessoas de quem mais gostamos, concluiremos que poucas são se comparadas com aquelas que dispendemos com os outros. Entenda-se por "outros" os colegas de trabalho ou de profissão que, raras excepções, podem tornar-se grandes amigos ou mesmo virem a constar da lista daqueles de quem mais gostamos. Mas nem sempre é assim. Infelizmente, todos os dias somos obrigados - sim, porque ninguém nos dá a escolher aqueles com quem queremos ou gostaríamos de trabalhar - a lidar, a aturar, a confraternizar com pessoas que pouco ou nada nos dizem, apenas porque partilham o mesmo espaço ou o mesmo local de trabalho que nós. E nem sempre esse facto é sinónimo de uma convivência pacífica, pois há quem dedique o seu dia-a-dia a tentar levar à loucura aqueles que são seus colegas de profissão, assegurando assim um clima de desconfiança e de revolta generalizada que se instala e propaga como um vírus letal. E mais grave do que essa sua postura, é o facto de muitas vezes serem esses elementos que nada produzem - senão distúrbios e falta de companheirismo - aqueles que mais recompensas ganham e mais consideração obtêm do patronato. Não raras são as vezes em que vemos esses elementos subirem na escala hierárquica de qualquer empresa, à força de intrigas, do "disse que disse", do "chibanço" ao patronato daquilo que se passa no local de trabalho, enfim, de tudo menos do que seria o mais natural, brio e competência profissional. Por tudo isto, são muitas as pessoas que anseiam desesperadamente por cada fim-de-semana, para só então poderem aliviar a sua cabeça daquele local onde todos os dias têm de aturar uns quantos "colegas" que lhe fazem a vida negra. Para durante, pelo menos dois dias, poderem estar com a família, com os amigos, com aqueles de quem realmente se gosta e com eles conversar, sem medo de que aquilo que se diz possa ser usado como arma que mais tarde nos irá causar dano. Porque é para isso que servem os amigos, os verdadeiros amigos, para nos ouvirem, nos aconselharem e estarem do nosso lado nos bons momentos mas, acima de tudo, nos momentos menos bons. Naqueles momentos em que deles mais necessitamos. A esses amigos, só temos de agradecer por serem assim e estarem disponíveis sempre que os solicitamos.