Todos temos um lado negro
por migalhas, em 09.09.04
Todos temos um lado negro. Um lado que pode estar oculto, escondido no fundo do próprio ser, ou bem patente e responsável por uma atitude condizente. Não é difícil descortinar uns casos e outros, até porque as atitudes e formas de estar fazem questão de, obviamente, os demonstrar. Para esses casos óbvios, que não permitem sequer a uma segunda interpretação, está tudo explicado. São evidentes e fazem desse seu lado negro a sua forma de vida. Por isso, questiono-me apenas em relação a todos os outros, que também o possuem mas escondem-no muito bem escondido. Como lidam eles com esse seu lado reprimido? Mantêm-no constantemente assim ou em certas e determinadas situações têm a necessidade de o libertar? Nem que seja por breves momentos, nem que seja num refúgio só nosso, na solidão dos nossos pensamentos, penso que esse lado nunca se esconde por completo. Ele está em permanente alerta e sempre à espreita de uma oportunidade para se fazer notado. Se assim não fosse, não havia tanta necessidade entre as pessoas de criarem conflitos, mal-entendidos, discussões, que por vezes servem propósitos de que nem elas se apercebem, mas que o seu lado escuro latente bem entende. O de gerar a confusão e o mau-estar, ambiente em que se mexe como peixe na água e que sempre que pode não deixa de proporcionar. Muitas e muitas vezes somos enganados e traídos por esse lado que se sobrepõe à nossa vontade, à nossa forma de estar e de ser e nos presenteia com a sua aura negra. Depois, bem, depois há os que se apercebem a tempo e têm a força e a vontade suficientes para o contrariar e estabelecer o seu estado inicial e natural e há os que se deixam levar na onda e aí acabam por se perder, senão para sempre, pelo menos por uns tempos bem dolorosos. Porque existe uma paga para tudo o que fazemos. Aliás, é comum dizer-se que “cá se fazem, cá se pagam”. Não quer dizer que seja nesta vida ou na próxima, mas que havemos de pagar pelos nossos erros, disso ninguém se livra. E se tivermos em conta que tudo aquilo que de mal fazemos ou desejamos aos outros havemos de receber em troca, então mais vale ter a força e a presença de espírito suficientes para levarmos uma vida que não nos encha de dívidas a pagar nas próximas, dívidas essas que depois ainda vêm “engordadas” com juros de mora. Eu ando a tentar e devo dizer que não é fácil. Mas também nunca ninguém nos disse que a vida era fácil, certo? Ainda assim, deixo um conselho que funciona comigo: sempre que esse vosso “dark side” vos provocar, peguem numa caneta e numa folha de papel e escrevam tudo o que vos sair, tudo o que sentem nesse momento. Depois do desabafo vão sentir-se muito melhor, mais aliviados. E com a vantagem de não terem gerado mau karma à vossa volta. Mal comparado, é como diz um outro ditado “depois da tempestade, vem a bonança”. Experimentem. Comigo tem resultado.