"Sair e voltar a entrar"
por migalhas, em 04.08.04
Tenho vindo a aperceber-me nos últimos tempos, que o conceito informático de "sair e voltar a entrar" se tem apoderado da generalidade das áreas da nossa sociedade. Ele é nos automóveis, nos ares condicionados, nas impressoras, nos telemóveis, nos restaurantes e até nos transportes públicos. Em qualquer situação por que hoje se passe e em que as coisas não corram de feição, não há nada melhor do que "sair e voltar a entrar" - que pode declinar num "desligar e voltar a ligar" - para que tudo se componha. E se falei dos restaurantes, é porque é de todo comum chegar àquele restaurante de que tanto gostamos e depararmos com o mesmo lotado. Nesse caso, também vale a pena sair e passadas umas horas voltar a entrar. Não só beneficiamos de um ambiente mais sossegado, como, inclusive, podemos escolher aquela mesa por que já ganhámos alguma afeição. Ou mesmo nos transportes públicos. Depois de mais de 30 minutos à espera por um determinado autocarro, torna-se difícil entrar naquele que chega tal e qual uma lata, onde as sardinhas, perdão, as pessoas, se acotovelam para demarcarem o seu exíguo espaço. Mais um caso em que basta repetir a fórmula mágica: sair e voltar entrar, desta feita no que vem 2 minutos imediatamente a seguir. Os efeitos são por demais surpreendentes! Há espaço com fartura e da mesma forma que no restaurante, também aqui dá direito a escolher o lugar da nossa preferência. De tal forma esta perspectiva se encontra generalizada, que inclusive ao nível sexual ela é válida. Quantos de nós não passamos diariamente por situações do foro mais íntimo em que a solução passa, inevitavelmente, por "sair e voltar a entrar", "sair e voltar a entrar", "sair e voltar a entrar"... enfim, até à exaustão! Se alguém tiver dúvidas que assim é, que experimente. Vão ver que vai tudo dar a essa milagrosa solução, em boa hora providenciada pela comunidade informática. Mas se esta se tem espraiado por outras áreas da nossa sociedade - e com algum sucesso, diga-se - também não é menos verdade que tem vindo a perder força na sua área de origem. Pois no que respeita aos computadores, vai sendo cada vez menos uma solução digna de resultados válidos, para grande desespero de todos aqueles que com eles lidam e de que deles dependem para executar as suas tarefas diárias. Se calhar o problema está na forma como se processa a saída e a respectiva entrada. Sempre ouvi dizer que, com jeitinho, a coisa vai. Vamos nessa?