Na tua mão
por migalhas, em 22.07.04
Que buscas tu entre os destroços da alma?Alivia-te saber que o que procuras morreu?
Que não existem mais boas intenções?
Que o mundo descansa moribundo sob os escombros da ignorância?
De que serve toda essa tua raiva incontida, toda essa revolta
Se já nada podes fazer para mudar
Perdeste o controlo da situação
E de repente tudo balança à tua volta.
Valores?
Jazem junto da esperança, que em tempos floresceu viçosa
Mas que hoje repousa sob uma lápide saudosa
No jardim de todos os tormentos que a morte representa.
Não lutes mais. Não sem antes parares para sonhar
Para idealizar tudo de origem
O Génesis revisitado.
Mas não feches os olhos, não desta vez.
Não ignores tu mesmo o que te levou ao desespero
O novo mundo conta com a tua sensibilidade
Com as memórias que guardas do holocausto
Do poder que o mal um dia teve e a infelicidade que acabou por gerar.
A erva daninha também cresce e não sendo arrancada pela raiz, propaga-se.
Na tua mão seguras o destino da humanidade.
Dá-lhe forma, em forma de bondade.