a par
esquecido o açúcar num bolo, quem o come, senão um tolo?
não leva o pão fermento a contento e torna-se coisa que nem se vê.
falha o sal na sopa e quem lhe deita a colher?
não temperada a salada, passa à frente, é ignorada.
que tudo vive dos ingredientes certos ou daqueles a que nos acostumamos.
por isso eles são essenciais, mesmo que apenas notados quando ausentes.
que a vida é isso mesmo, é o ritmo, é o hábito, é a sequência de quanto nos preenche e satisfaz, mas de que facilmente nos esquecemos, pois que sempre lá.
não que a soma dos anos pese pelos números que já comporta, não.
conta antes o peso do que me são na carne, na formação, na experiência, na vivência, por via de passados a teu lado.
que eu não esqueço a falta, mesmo que por vezes pareça.
amanhã é um novo dia e com ele mais uma viagem.
no seu dorso, tu e eu, a par, tecendo as malhas desta nossa vida,
a única que concebo assim, completa, preenchida.
inédito de migalhas (100NEXUS_2011)