linhas de fuga
por migalhas, em 14.03.11
uma tormenta me segue
uma vida mal vivida
uma criança perdida
um sonho que não se perfez
uma névoa, um nome
uma ponte derrubada
uma flor pendente
triste na madrugada
é um canto chorado
um olhar resguardado
um copo de vinho azedado
uma linha de fuga para outro lado
é esta azia profunda
este peito constantemente apertado
é este andar mutilado
em casa, na rua, em todo e qualquer lado
e é então aqui
só aqui neste canto apertado
na ausência que é este silêncio pesado
no avançado desta casta hora
que eu paro e penso
que eu ardo por dentro
que me toca o discernimento
no fogo abrasador que então me devora
no tiquetaque compassado que me consome e a cinzas reduz cada memória
inédito de migalhas (100NEXUS_2011)