entrados no 12
entrámos no 12 numa viela de outros tantos
é a última porta logo adiante
um tremor de gente que se amontoa desejosa de a atravessar
esperançada que para lá dela tudo se transfigure
tudo mude e num ápice do pesadelo ao sonho lindo
entrámos no 12 numa viela de outros tantos
assustados, tementes ao que não entendem, quem não é deus
antes crentes, hoje gente apenas demente
entrámos no 12 numa viela de outros tantos
sabendo que adiante tudo será como antes
que ali não mora mais que a demora
a eterna espera em ver acontecer
que este mundo sucumbe a cada segundo
doente, febril, moribundo
sem cura que lhe valha
ou remédio que lhe atenue a dor
entrámos no 12 numa viela de outros tantos
e no fim deste outro virá
qual reposição de um filme tão velho como a mais antiga das profissões
ontem, hoje, como amanhã
que o tempo passa mas nada grassa
senão a desgraça
essa maleita sem graça