fantasma de mim
por migalhas, em 05.11.10
há um fantasma de mim
sei-o, criei-o
um penar que deambula
perdido, sem sentido
indolente, sem mente
segue-me a sua sombra fiel
trago amargo, sabor a fel
no dobrar de cada esquina
em cada dia que se anuncia
ele e eu a par
dueto já sem corda que apenas se deixa arrastar
de onde vens, para onde vou?
Sou eu teu dono
ou não sou nada, nem teu senhor sou?
nem pó levanta
no modo esquivo como se afigura
és monstro, remorso ou travessura?
Ou apenas imaginário de mim que nem imagino?
Tal a incerteza com que sei que te criei
no fecho de contas de dias a fio
uns sem tino, outros no arame
é ele, é assim
este fantasma de mim