A partir de hoje à nossa disposição.
Há cerca de um ano que ele fotografa coisas abandonadas. Há pelo menos dois trabalhos todos os dias, por vezes até seis ou sete, e, sempre que entram numa nova casa, ele e os seus colegas vêem-se confrontados com as coisas, as inúmeras coisas rejeitadas, tudo aquilo que as famílias deixaram. As pessoas ausentes, todas elas, fugiram precipitadamente, humilhadas, confusas, e é certo e seguro que, onde quer que vivam agora (se é que encontraram um sítio para viver e não estão acampadas nas ruas), os seus novos alojamentos são mais pequenos do que as casas que perderam. Cada casa é uma história de fracasso – de bancarrota e falta de pagamento, de dívidas e execução de hipotecas – e ele tomou a seu cargo a tarefa de documentar os derradeiros resquícios dessas vidas dispersas, a fim de provar que as famílias desaparecidas estiveram em tempos ali, que os fantasmas das pessoas que ele nunca verá e nunca conhecerá ainda estão presentes nas coisas rejeitadas que ele e os seus colegas encontram espalhadas por todo o lado nas casas vazias.
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