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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Quantas vidas vale um minuto?

por migalhas, em 07.09.05
Um minuto é pouco tempo. Não dá praticamente para nada e chega a parecer ridículo pensar que algo pode ser feito nesse curto espaço de tempo. No entanto, e face ao mais recente relatório da ONU sobre pobreza no mundo em que se afirma que morrem 20 crianças a cada minuto que passa, esses 60 segundos de tempo ganham toda uma outra dimensão. Numa hora morrem 1200 crianças, num mês cerca de 900 mil, o equivalente a três tsunamis idênticos àquele que atingiu o sudeste asiático no passado mês de Dezembro. Impressionante! E alguém pensa nisso? Claro que sim. Na hora de ler ou ouvir a notícia estremecemos e pensamos na injustiça que é algumas destas inocentes crianças morrerem por falta de uma simples rede mosquiteira. Na injustiça que é, em pleno século XXI, haver ainda um quinto da população mundial que vive com menos de um dólar por dia, enquanto outro quinto não hesita em dar dois dólares por um café. Mas depois passa. Como um pesadelo que nos incomoda durante a noite ou uma nuvem sombria que se eleva acima das nossas cabeças e com o vento acaba por se afastar, fazendo de novo brilhar o sol que, por instantes, se ausentou. Podia aqui dissertar sobre várias soluções possíveis para fazer face a este flagelo crescente, mas não iria dar novidade nenhuma a ninguém. Toda a gente sabe como se poderia resolver esta questão, mas do pensar ao fazer vai uma enorme distância. E assim o desequilíbrio acentua-se, a diferença, a desigualdade. E deixava de haver riqueza, pessoas materialmente ricas, abastadas em excesso. E deixar-se-ia de poder afirmar que a soma dos rendimentos das quinhentas individualidades mais ricas do mundo é superior à de 416 milhões de pessoas pobres. Porque para que os pratos da balança se equilibrassem (e aqui já estou a ser muitíssimo optimista) era necessário que uns poucos despendessem de uma ínfima parcela do muito que têm para distribuí-la pelos que, praticamente, nada possuem. Tudo se resume a esta dificuldade em partilhar, em não dispensarmos um pouco dos nossos luxos em favor dos que nem sabem o que isso é. E assim, mais um minuto passou e mais 20 crianças morreram, vítimas da pobreza. É preciso dizer mais alguma coisa?

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