“A Montra Das Vidas Errantes” - Breve Sinopse
“Tudo na vida tem um princípio, um meio e, consequentemente, um fim.
A própria vida começa num nano segundo, fruto de uma incrível e improvável combinação que despoleta um processo que, daí em diante, avança a uma velocidade vertiginosa, impossível de controlar seja por quem for e que só termina na hora da nossa morte.
Mas há quem defenda que existe uma outra vida que nos acompanha passo a passo, tal e qual uma rua ou caminho paralelo àquele que todos os dias cruzamos e que julgamos único. Dessa vida, que passa por todos nós sem dela darmos conta, faz parte todo o conjunto de alternativas que nesta não se concretizam pelas mais variadas razões. Coisas que aconteceriam se, num ou em mais determinados momentos da nossa vida, tivéssemos feito isto em vez daquilo, tivéssemos optado por seguir por aqui e não por ali, temos tentado isto na vez daquilo. Dá que pensar, pois tudo teria sido realmente diferente. Com outras consequências, que obrigariam a rescrever toda a nossa existência, aquilo que somos ou aquilo que, devido aos nossos actos, se procedeu assim e não de qualquer outra forma.”
Está dado o mote para o que daqui em diante se revela sempre em crescendo, sempre dúbio e da mesma forma avassalador na vida de Xavier e do seu outro eu. Aquele que um dia julgou vislumbrar pela montra de uma casa de chá e que desde então não mais dele se afastou.
Duas mentes, duas personalidades, duas vidas jogadas em paralelo, mas sempre à distância mínima uma da outra.
Os dramas vivenciais de quem se julgava único, como cada qual seu igual, e afinal sabe agora que, numa outra dimensão que sempre lhe fora omitida, vive a alternativa. Ao que faz, ao que é, ao que ambiciona.
“... depois de se ter observado do lado de lá, era-lhe difícil distinguir qual a vida que vivia. Seria esta? Ou a que vira era a que, na realidade, vivia? E esta apenas a outra face de um espelho mágico que lhe mostrava o oposto da sua verdadeira vida, a outra face da moeda que julgava aqui jogar, o eu paralelo que o obriga a viver duplamente, um sósia gémeo do seu ser que se julga filho único, mas habita ambos os lados da fronteira com igual fulgor, vontade, desejo.”
“Agora sabia-se dois.”
É este o ponto de partida para a história de uma vida. Ou de duas... Ou de tantas vidas quantas as imagináveis.