Hoje olhei o quarto de nós
Hoje olhei o quarto de nós.
Hoje vi aqueles 8 centímetros de vitalidade que sem aviso prévio veio ocupar bem mais que o ventre da sua mãe.
Veio ocupar-nos o tempo, o pensamento, a vida para todo o sempre.
Hoje olhei-o tão frágil, mínimo, mas já a mostrar a vontade de ser grande e um dia tudo questionar.
É um novo pedaço de nós que em ti habita, até ser o segundo de se libertar numa hora que se quer pequena.
Será um novo choro, sorriso, um novo foco de tantas atenções, cuidados mil.
Será a continuação do que já somos hoje, o recapitular do que experimentámos há tão pouco, será duas vezes a vida vivida, pela mão de um novo reboliço, fonte inesgotável de energia a percorrer cada canto do nosso doce lar, a consumir-nos toda a disponibilidade e mais aquela que nem imaginamos.
Serão dias de alegria incontida, poder olhar à minha volta e sentir-me realizado por ter podido dar à vida toda a vida que um dia também a mim me foi cedida.
Perpetuá-la e querê-la imparável, contra tudo, contra todos, contra barreiras e tempestades, que nada lhe trave o passo, que tudo lhe seja de feição.
Hoje olhei e vi-lhe o princípio.
Desta vida a fazer-se crescida, aos nossos olhos, deslumbrados.