Lá longe
Era como se fosse sábado sem saber que o era.
A surpresa por detrás das horas que se adivinhavam ao virar daquela esquina inundada de incertezas.
Como o som que antecede o acidente, num destino desgovernado de rumo já sem retorno.
O estômago preso num nó que se socorre de um fôlego que me foge e com ele todo o ar.
Acordar envolto num mar de suor, afogado numa humidade que me tolda os movimento e saber que tenho de a viver.
E depois seguir com os dias, um após outro, num passo trôpego, arrastado.
E depois saber que era o sonho que me mantinha vivo e não o acordar para a crua realidade.
Saber tudo isto e ainda assim vestir-lhe a pele.
Quando tudo o que queria era ser esse sonho, para sempre sonhado e lembrado naquelas paragens tão inalcansáveis que nem em sonhos.
Lá longe, de tudo, do que é a realidade desperta.