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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Tempo ausente

por migalhas, em 13.03.08

Futuro algum se faz presente, pois logo que se perfaz é passado.

Espaço algum se faz nosso, pois que nunca estamos em nenhum lado.
Vivemos em rotação, vivemos nos limites que nunca se perfazem agora, pois sempre que o futuro se concretiza, concretiza-se já passado.
O presente é ausente, uma espécie de hoje incoerente, pois não se sente, não se saboreia, passa por nós em correria e por isso nunca se queda a nosso lado.
Não concebo o tempo presente, aquele algo que apenas se pressente, invisível que se intromete entre o que há-de ser, o que se sonha apenas probabilidade e o que se formulou, ganhou forma, feito ficou.
Mas mal fica feito...
Passado, aquilo que ainda agora era ambição, pretensão, futuro a curto prazo.
Águas passadas, mesmo que ainda revoltas a viverem a efervescência breve que as viu nascer e depressa desaparecer, passado.
O ciclo de vida, de qualquer vida, não contempla o tempo presente, pois que ausente, em fuga permanente, rumo à história que escreve em linhas ainda húmidas de uma tinta fluente e obstinada em seguir o leito do tempo que nunca se queda ou sequer abranda, por mim, por nós, por quem seja.
Isso era pedir ao tempo que fosse complacente.
E se no passado nunca o foi, no futuro que logo será passado também, nunca o será.
Futuro algum se faz presente, pois mal se perfaz já é passado.
Algo logrado, o que nos foi fado, predestinado, que nos foge por entre os dedos como o destino, o tempo que nunca se queda ou sequer abranda, a vida sem tino, esta eterna demanda.

 

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