Parar
Onde estás?
Para onde vais?
Não tencionas ficar?
Ainda agora pousaste as malas e nem as esventraste.
Fica.
Fica por uns tempos e aprecia. Olha sem aquele olhar apressado, que nada retém. Observa à tua volta, capta com o outro olhar, o de quem atenta e interioriza. Faz memória.
Não te prendas apenas à partida. Faz da chegada uma celebração, mas dá-lhe tempo. Tempo de se formar, de ganhar vida e de merecer uma partida, nunca apressada, ponderada.
Desfaz as malas, retira delas o que te acompanha, o que te segue para todo o lado, para cada destino onde nunca ficas por muito mais tempo do que uma breve parcela de um ínfimo período.
Descansa, o mundo não te foge. Essa ânsia sim, leva-te sempre vantagem e é isso que te faz segui-la. Tentar que não se afaste em demasia e lhe percas a noção, a percas de vista. Tenta tirá-la da cabeça e por segundos repousar os olhos no que se te apresenta à volta. Não é novidade, mas para ti parece, do modo como reages. Pareces olhar tudo pela primeira vez, como se acabado de nascer.
O mundo sempre aqui esteve, tu é que não paraste para o ver e nele atentar, devagar, para depois o desfrutares. Sem correrias, sem apressada respiração, apenas contemplador.
Vês como é belo?
Não me agradeças. Dedica-te apenas a ele e recupera o que dele perdeste.