Contas feitas ao período de férias, fins-de-semana, feriados e pontes, o ano que agora se dá a conhecer apresenta um saldo de possíveis 144 dias de descanso face a garantidos 222 de sangue, suor e lágrimas. A esta distância, a coisa até parece bastante positiva, para além de tentadora e motivadora no sentido de nos pôr, desde já, a pensar em planos de fuga, escapadelas e rotas evasivas que nos permitam folgar dos dias conturbados que haverá, disso ninguém duvide. E se nesses dias em que corpo e mente se ausentam do local que a cada dia nos retém, muitas vezes para além do desejado, e dessa forma nos libertamos, resta nos outros – nos tais em que nos sentimos aprisionados, em que surge uma sensação de perda, de clara inversão das nossas prioridades e desejos – adoptar uma postura e um compromisso de aceitação face ao que temos e fazemos, que nos permita vivê-los com disposição e deles retirar sempre qualquer coisa que nos alimente e ajude a crescer saudáveis. Esquecer o negativismo e olhar o horizonte que sempre parece tão longínquo e inalcançável, mas que está apenas à distância da nossa vontade e do nosso querer mais profundos. Pois que nada acontece, nem mesmo a nossa vida, sem o nosso esforço e dedicação sinceros. Quem sabe se encarando este novo ano sob esta perspectiva, tal nos permita, chegado o seu termo, fazer um balanço bem mais positivo. E sentir que ganhámos, que acrescentámos à vida, na vez de a chorar perdida naqueles dias em que, inevitavelmente, tivemos de a ocupar com trabalho. Fará bem à alma, ao corpo e, acima de tudo, à mente.