No início o leitor encontra-se em pleno Século XVI, em Visegrad, cidade na fronteira entre a Sérvia e a Bósnia. Mehmed-Paxá, Grão-vizir, sonha ainda com o dia em que, criança, foi separado da sua família cristã, obrigado a atravessar para a outra margem do rio. É essa criança que agora, décadas depois, convertido à fé do Islão, dá a ordem de construção de uma ponte sobre o rio Drina. Esta é a história épica dessa ponte, e também a dos seus habitantes. A sua edificação exigiu anos de trabalho árduo, lágrimas e sangue, sacrifícios e vítimas. Ao longo dos séculos a ponte foi local de passagem, de encontros, de conversas, de conspirações; sofreu inundações, foi encerrada para impedir o alastrar da peste, assistiu a suicídios; sobre ela transitaram exércitos em fuga e desfilaram outros vitoriosos; nela foram executados espiões, viu o desmoronar de Impérios, e o nascer de novas nações...
Romance histórico, grande épico europeu, «A Ponte sobre o Drina» pertence à categoria das obras incontornáveis da literatura mundial.
A edição da revista Granta 117: Horror, publicada este Outono, oferece-nos inéditos de nomes grandes da literatura mundial, entre ele Paul Auster, Stephen King, Don DeLillo e um surpreendente "The Colonel’s Son" da autoria de Roberto Bolaño. Este último ganha vida em Nothingbutamovie.com uma animação em formato HTML5 realizada pelo ilustrador da revista Granta Owen Freeman e pelos inovadores web designers da Jocabola, os quais colaboraram na concepção de "The Wilderness Downtown" dos Arcade Fire.
Não direi: Que o silêncio me sufoca e amordaça. Calado estou, calado ficarei, Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam, Se represam, cisterna de águas mortas, Ácidas mágoas em limos transformadas, Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi: Que nem sequer o esforço de as dizer merecem, Palavras que não digam quanto sei Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas, Nem só animais boiam, mortos, medos, Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi, Crispadamente recolhido e mudo, Que quem se cala quando me calei Não poderá morrer sem dizer tudo.
"O amor é fome de outra vida, desejo de transitar. Quando dois amantes se abraçam e beijam, entredevoram-se, morrem um no outro, de algum modo, e transitam para um novo ser. A vida não pode ficar em nós, a repetir-se, que repetir é estar parado, é ocupar o mesmo lugar."
"Nascer é forçar a tampa dum sepulcro. A palavra Mãe significa terra. O corpo da mulher é mais feito de terra que o do homem. O homem é pedra e fogo, incandescência solar, espectro a arder."
"Todo o homem tem o seu medo que o dirige, a quem obedece. O medo à morte faz o herói."
"A vida é uma vitória constante. Cada minuto de vida é preciso arrancá-lo às mãos da morte."