Excerto do poema tudo o resto que é tudo tirado do meu Frágeis passos, negros hábitos - poemário 1, disponível em http://www.bubok.pt/libros/3564/frageis-passos-negros-habitos--poemario-1
Excerto do poema linha terminal tirado do meu Frágeis passos, negros hábitos - poemário 1, disponível em http://www.bubok.pt/libros/3564/frageis-passos-negros-habitos--poemario-1
Excerto do poema nem belos prados tirado do meu Frágeis passos, negros hábitos - poemário 1, disponível em http://www.bubok.pt/libros/3564/frageis-passos-negros-habitos--poemario-1
Não há-de te salvar o que deixaram Escrito aqueles que o teu medo implora; Não és os outros e encontras-te agora No meio do labirinto que tramaram Teus passos. Não te salva a agonia De Jesus ou de Sócrates ou o forte Siddharta de ouro que aceitou a morte Naquele jardim, ao declinar o dia. Também é pó cada palavra escrita Por tua mão ou o verbo pronunciado Pela boca. Não há pena no Fado E a noite de Deus é infinita. Tua matéria é o tempo, o incessante Tempo. E és cada solitário instante.
Ao ler Prosas Apátridas, de Julio Ramón Ribeyro, fui dar com um tema sobre o qual também eu já me havia debruçado e sobre ele reflectido.
Diz ele então no fragmento 78 deste seu livro:
Para um pai, o calendário mais verdadeiro é seu próprio filho. Nele, mais que em espelhos ou almanaques, tomamos consciência do transcurso dos dias e registamos os sintomas de nossa deterioração. O dente que a ele sai é o que perdemos, o centímetro que cresce é o que diminuímos, as luzes que adquire são as que em nós se extinguem, o que aprende é o que esquecemos e o ano que soma é o que nos é subtraído. Seu desenvolvimento é a imagem simétrica e invertida de nosso consumo pois ele alimenta-se de nosso tempo e constrói-se com as amputações sucessivas de nosso ser.
E sobre esse mesmo tópico, digo eu a certa altura num dos meus livros:
(...) Como se o crescimento deles nos sugasse vida, se sustentasse nas nossas defesas, as que tentamos erguer para não envelhecer, e assim tombassem por terra no momento em que nos apercebemos de que todo esse processo evolutivo deles é imparável e logo também o nosso. (...)
É esta a beleza da escrita, da literatura, de ler outros autores, de os descobrir e, no processo, descobrirmo-nos também a nós.