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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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canto ao eu

por migalhas, em 24.02.11

"Canto o Eu, a simples pessoa em si,

Mas pronuncio a palavra democrática, a palavra Massas.

 

Da cabeça aos pés canto a fisiologia,

Nem a fisionomia nem o cérebro por si sós merecem a Musa,

Digo que a Forma completa a merece mais,

Canto a Fêmea e o Macho por igual.

Imenso de paixão, pulso e poder,

Alegre, concebido para a acção mais livre sob a lei divina,

Canto o Homem Moderno."

 

Walt Whitman (1819 - 1892)

nunca mais

por migalhas, em 23.02.11

o que fazer quando nunca mais?

Chegado o momento do fadado adeus

que o que foi não volta a ser

por doce que tenha sido ou amargo como fel

levado na correnteza deste caudal de tantas vivências

hoje apenas fogachos, breves lampejos do que então foi tudo, agora nunca mais

 

os anos somam-se, subtraindo-nos as forças e o discernimento

varrendo-nos quantas memórias e, das que ficam, a desvanecê-las

esquartejadas, retalhadas

numa imensa amálgama, às tantas já sem nexo

do que fui, vivi, sonhei

 

daquilo que sei este é mais um que não volta mais

nunca mais

para todo o sempre passado

no espaço e no tempo congelado

sem certeza ou indício do que me está destinado

 

inédito de migalhas (100NEXUS_2011)

este não vou perder

por migalhas, em 23.02.11

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Este não posso falhar, até porque finaliza uma trilogia, a Trilogia do Mal, iniciada com A Ofensa e posteriormente com Derrocada.

 

free

por migalhas, em 22.02.11

que breve brisa antecede a tua ida

que vento do norte enregela a partida

que os nós nos ramos e nos troncos apenas se contorcem

na agonia de se sentirem sós

de quantas despedidas apenas pressentidas

que as raízes ditam o distanciamento

e somente o olfacto

o cheiro do nauseabundo descalabro das forças que já não te prendem

do ar que se desvanece e te liberta

e por fim

solta a amarra final e te eleva nos ares

te sente a ida

e na força do seu poder tudo faz para te sarar essa ferida

gone with the wind

parte e deixa de ser parte

faz-te todo e nesse interpreta quem és agora

longe do sufoco que foi aqui viver

sem nada saber ou entender

free

at last

but not least

as a bird

 

inédito de migalhas (100NEXUS_2011)

Amor é

por migalhas, em 14.02.11

O amor sabe sempre a pouco por que é louco

Por que é contra tudo o que é racional

É instinto animal, sentir sem rival

É coisa que se esvai numa corrente de tanta coisa que consigo tudo arrasta

Até a nossa sanidade

Que é tudo e mais passa a ser quando esmorece e por fim desaparece

Que nada é tão poderoso, qual sentir majestoso

Que nada nos preenche por todo desse modo tão feliz

Dor que nos mata e mói e corrói até ao nosso cerne

Nos trespassa e na sua graça nos envolve

Coração que se comove ao vê-lo assim

A ti, a mim

 

inédito de migalhas (100NEXUS_2011)

amor

por migalhas, em 13.02.11

"AMOR - O que é o amor? Um grande coração que dói

E nervosas mãos; e silêncio; e logo desespero.

Vida - o que é a vida? Um pântano deserto

Onde chega o amor e de onde parte o amor."

 

Robert Louis Stevenson (1850 - 1894)

HH

por migalhas, em 09.02.11

"Estende a tua mão contra a minha boca e respira,

e sente como respiro contra ela,

e sem que eu nada diga,

sente a trémula, tocada coluna de ar

a sorvo e sopro,

ó

táctil, ininterrupta,

e a tua mão sinta contra mim

quanto aumenta o mundo"

 

Herberto Helder

sem retorno

por migalhas, em 08.02.11

desta ida eu não regresso

fui tentado a fazê-lo mas em vão

que quanto vi acontecer me embeveceu

não me permitindo mais que esta ilusão

 

olhei o fino e frágil horizonte

escasso traço que me separa do que fui

na longura de um mar que se compadece

num extenso manto que em mim flui

 

daqui até onde a vista alcança

sou agora senhor desta terna visão

pode até tudo ser onírica tentação

ou ritmo compassado de uma qualquer dança

 

certo é que ao velho mundo eu já não regresso

nem atrás conto voltar

que aqui tenho quanto peço

aqui jaz o meu olhar

 

inédito de migalhas (100NEXUS_2011)

tanto e eu

por migalhas, em 02.02.11

que enorme tristeza é saber que jamais o mundo irei entender

que enorme desolação é esta certeza ter de que só a ínfima parte dos livros poderei ler

que existe tanto para ver, quantos e quantos mistérios por esclarecer, uma bola de neve que a cada dia se agiganta de tanto por fazer e eu, mero mortal, comum ser que quase nem chegou a nascer, nem a mais ínfima das ínfimas partes me será dada a perceber

 

que não há, houve ou haverá, dia, mês ou ano, em que sobre mim não pese o fardo deste ser sem quase nada entender, deste respirar o que me rodeia sem que lhe saiba a razão, deste andar mecânico que me move de antemão, deste olhar a tentar ver quanto me escapa à compreensão

 

que não há mágoa maior que aquela de saber que por muito que consiga viver, por imenso que queira saber, jamais poderei ambicionar a ser algo mais do que as cinzas que um dia serei

 

inédito de migalhas (100NEXUS_2011)