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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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falso ser, falso estar

por migalhas, em 24.09.09

não me falem em ter, possuir, ostentar
deslumbrante oásis, eterno Graal
fascinante miragem a que nos apegamos
mal nos julgamos dotados de quantas armas o permitam

não me falem em ter, possuir, ostentar
sabendo que tudo finda na próxima curva
nessa morte que nos é comum a todos, a todos por igual
independentemente do que tivemos, possuímos ou ostentámos
naqueles breves instantes em que fomos qualquer coisa indefinida

mas que sempre se quis mais do que realmente era, sempre quis mais do que realmente podia
num excesso egoísta que não olhava a meios, nem incluía terceiros
esses que sequer saborearam a dádiva de existir somente na paz, somente na harmonia do que é básico, do que é essencial

por isso não me falem em ter, possuir, ostentar
pois quando virarmos na próxima curva
e com ela formos confrontados

por fim confrontados
nada do que tanto alcançámos nos será bóia
nos será salvação ou sequer atenuante de uma vida de vaidade
de uma vida de presunção sem nexo
de desprezo e desrespeito pelo próximo
de fechar os olhos a tanto que poderíamos ter consertado

de virar as costas a tantos que poderíamos ter ajudado
mas que ignorámos, de forma egoísta ignorámos
num apelo cego ao ego, escravizados pela sua soberba
feita que foi a sua vontade
aqui na terra nossa conduta desde tenra idade

por isso não me falem em ter, possuir, ostentar
que de nada nos serve, mesmo em vida
senão para nos iludir que somos, o que apenas aparentamos
que temos, o que apenas nos é emprestado
quando nosso, genuinamente nosso

apenas e só esta morte
comum a todos, a todos por igual

a rua, parte 1

por migalhas, em 18.09.09

nesta rua cabe tudo

aqui me recolho dos olhares de quantos me avaliam e olho o seu esplendor de rua pequena onde tudo cabe

olho-a na sua figura, que nem altiva, a cruzar-se com outras como ela, calmas ruas, longe do reboliço, da exaltação às coisas más

 

nesta rua liberto-me

sentado a olhá-lo na sua plenitude breve que tudo comporta

ou simplesmente a prestar-lhe a deferência que me merece

por ser rua e por nela se sentir a paz, olhar a paz

a paz que aquece o coração lacerado, lhe serve de curativo

paz entoada à alma que aqui vem repousar

nesta rua calma

 

aqui não há mistérios

senão o de tentar entender como neste breve troço de alcatrão

ladeado de árvores que nem belas, presentes

tanto da vida desfila aos olhos de quem atente

nesta rua onde ninguém é estranho

onde eu me desloco e entranho

sempre que procuro a paz

a minha paz

longe do rebanho

13 anos depois

por migalhas, em 14.09.09

Maybe I didn't love you
Quite as often as I could have
And maybe I didn't treat you
Quite as good as I should have

If I made you feel second best
Girl I'm sorry I was blind
You were always on my mind
You were always on my mind

And maybe I didn't hold you
All those lonely, lonely times
And I guess I never told you
I'm so happy that you're mine

Little things I should have said and done
I just never took the time
You were always on my mind
You were always on my mind

Tell me,
Tell me that your sweet love hasn't died
Give me, give me
One more chance to keep you satisfied
I'll keep you satisfied

neste teu dia

por migalhas, em 11.09.09

olho o monitor e não sei o que te escrever.

sei apenas que passou mais um ano e continuas a meu lado, a nosso lado, agora que somos 4.

em todos estes anos deste-me tudo de ti.

de nada me queixo, senão da falta de tempo para te dar eu mais de mim.

sei que nem tudo tem sido como planeámos, mas se assim não fosse não eram planos.

sei que te devo muitas horas, se calhar dias ou até mesmo meses, mas fica sabendo que mesmo ausente, és sempre tu e as nossas filhas que me ocupam o pensamento.

ao menos esse, que me acompanha para todo o lado.

sei que hoje é o teu dia e é a ti que compete fazer pedidos.

mas se me permites, não peço, exijo!

que sejas sempre assim, que sejas sempre aquela que eu amo, a meu lado, a nosso lado, que é aqui que tu fazes falta.

acredita.

os beijos que quiseres.

serão sempre teus, não só hoje, mas sempre.

elos que me ligam

por migalhas, em 06.09.09

um momento
dois, três, quantos puder inumerar e nenhum em concreto
que é isso de momento?
que faz ele, que significado detém, que tempo dura um momento?
tudo o que faço é num momento que se perfaz, por isso a vida são todos os momentos reunidos numa festa para me celebrar
os elos todos que me ligam à existência

a conspirarem o meu crescer

que eu cresço a cada momento que é como o presente, inexistente
e no entanto é em cada momento que tudo ganha vida e ganha forma

mas o momento em si, esse mesmo onde tudo se materializa, nunca o vi
sinto-o, isso sim
pressinto-o, a cada passo, num cerco mais e mais sufocante
ele que é vida, é morte, é constante
que segue adiante mesmo após me eliminar num dos seus actos banais
eternizando a sua vigência

um momento
dois, três
que tudo seria nada na sua ausência

do nada

por migalhas, em 01.09.09

Do nada nos formamos, em nada nos tornamos e pelo meio desse nada que nos ocupou, gera-se a ideia de que fizemos muito, muita coisa alcançámos, realizámos, quando, na verdade, na realidade, o que fica desse intervalo em que nos materializámos, foi apenas e só um hiato de tempo preenchido por uma amálgama de dúvidas que tentámos esclarecer e com elas dar um significado

 

(a nosso contento)

 

a essa parcela ínfima que julgámos viver.

 

De resto, nada percebemos.

E andamos todo esse tempo

 

(todo ESTE tempo, que ainda é o meu tempo)

 

apenas admirados, apenas deslumbrados, fascinados com todo este milagre de sermos algo palpável que do nada se formou, algo pensante por um instante tão fugaz que nem se atreve a ser tempo que mereça registo nos registos do tempo desta terra que nos acolheu e deu abrigo de passagem, quem sabe igualmente intrigada com a nossa chegada.

 

Por isso de volta, boa viagem, ocupem os vossos lugares

 

(os que trouxeram à vinda)

 

rumo a outra paragem, a nova compilação de tantas dúvidas, questões, tudo coisas apenas da cabeça de quem a hipoteca em nome de pormenores num pormenor ainda maior que é este de existir tão breve, quase julgando viver.