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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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por migalhas, em 30.12.08

É este o sinal.
O sinal dos tempos.
Sempre o foi, mas agora parece ter ganho mais corpo, cresceu.
A dúvida fez-se adulta, crescida, como nós adultos costumamos dizer.
E neste seu processo de se tornar maior, em nós fez também crescer quantos receios, os mesmos que consigo carrega.
O diabo que os carregue!
Que esse carrego eu não quero, não o pedi.
A ser-me imputada uma carga, que seja uma sonhada e não uma qualquer bastarda parida por um pesadelo como aqueles que nos entram casa adentro por aquela caixa que um dia mudou o mundo e mudou-o para pior, pois tudo nos revela, nos diz e transmite, sem peias ou receios do que possa provocar.
Mantenho esta ? este sinal que se materializa assim agora, pois desconhecidos os seus intentos, resoluções, mas quero-o vergado ao meu querer e dele fazer meu aliado, no ano que vem e em todos os que se lhe seguirem cronologicamente.
Qual deus a dar-lhe o rumo que eu bem entenda e então a entendê-lo e a torná-lo . que feche e conclua as minhas pretensões, desejos, do modo que eu bem entenda.
Crente, sempre crente em que nos cabe a nós cada decisão, na certeza de que seremos aquilo que decidirmos ser.
Ontem como hoje, e mesmo naquele amanhã ainda em forma de ?

Virar de página

por migalhas, em 24.12.08

O que é um ano, senão as histórias que soma, os capítulos que acrescenta, a sequência de páginas todos os dias folheadas.
O que é um ano, senão a soma dos seus 12 meses, das suas 4 estações, das águas que 
tantos vales sulcaram, em quantos leitos se banharam.
O que é um ano, senão o recomeçar, como se pela primeira vez.
E embora um ano seja tudo isso, e por esta altura seja sempre Natal, nem por isso existem dois tal e qual.

Cabe-nos a nós

por migalhas, em 23.12.08

Quero crer que a vida é bem mais do que esta ilusão que em nós mora a cada dia e nos retarda o discernimento de sermos mais.

Quero acreditar que fora desta carapaça que vestimos a toda a hora, podemos ser e estar como ser e estar deveria ser.

Deixar de lado a vida fingida, de tudo o que é soberba prescindir e cortar o ar num voo alado que não nos deixe saudade de para trás olhar.

Se assim for, podemos ser dois ou três ou quantos habitem outras tantas vidas paralelas a esta que vivemos e que julgamos singular.

Cabe-nos a nós a decisão, na certeza de que somos aquilo que decidimos ser.

Ontem comovi-me

por migalhas, em 19.12.08

Ontem comovi-me.
Olhei quantas crianças, pequenos que serão o nosso amanhã e vê-los na sua ainda inocência, comoveu-me.
E só de pensar que um dia, por culpa de tudo, serão como tantos, hoje já adultos.
E o fim da inocência, que se anuncia e me entristece, pois quem me dera assim ficassem para sempre e eu como eles.
Que receios hoje os atemorizam? Que anseios? Com que se preocupam, de que se perfazem as suas vidas?
Olhá-los ali, uns compenetrados das suas funções, outros apreensivos e quase todos intrigados com o como e porquê, fez-me pensar no que estamos com eles a fazer.
Pobres pequenos, a servirem-nos de repasto à vista numa festa que devia ser para eles e nunca deles.
Para nosso deleite, prazer adulto e racional, apenas no emocional que toca aos nossos descendentes.
E todos num único objectivo: o de fazer deste, um Natal inesquecível.
Sejam crianças e sejam-nos tudo o que nós, adultos, esquecemos de ser.
Neste Natal, em todos os futuros.

Conhecimentos

por migalhas, em 15.12.08

E não é que a minha Saroca brincou com a Maria e dançou com o menino Jesus?

Com conhecimentos destes, auguro-lhe um futuro promissor.

Admiráveis

por migalhas, em 15.12.08

Quantos raios de sol e todos lá fora
Alegres, compondo danças quentes que perfazem de mão dada entre si
Tantos, a intrometerem-se na vida de quem passa, a fazerem festas, a imporem o seu ritmo quente num afago apertado
E eu cá de dentro a observá-los, atentamente nos seus jogos do gato e do rato
Matreiros, a saberem o que querem, eles sim, eu não
Olho-os com inveja, a de quem não possui a mesma liberdade que os coloca aqui e logo após onde bem entenderem
Movem-se por entre folhagens, por entre calçadas, por entre edifícios e tudo o que nos é mais familiar
Deixam a sua marca, tocam e fogem de seguida, por vezes permanecem por instantes
São raios de vida, são a luz que aqui dentro me falta e por isso admiro-os, fascinado
Quero ser como eles, raios de sol alados, que estão aqui e em todo o lado
Queria sonhar e como eles pelo mundo andar
Sem correntes, sem prisões, sem obrigações que sempre me obrigam a ficar
Eu um raio de sol
Eu quente, eu afável, eu a permitir-me tocar-te e a sentir-te quente, também a ti
E nós raios de sol
A deambular sem guilhotinas, apenas a beijar a face de cada espaço que nos receba, de braços abertos, a saudar a nossa chegada, de cada vez que anunciada, de cada vez  que materializada
Daqui de dentro parecem toda a felicidade que é justa, que deveria ser de lei, direito de cada um
Tudo num raio de luz que se perfez, perfaz, e nos alumia rumo a esta paz que só de olhá-los, só de admirá-los

Admiráveis

Com barba

por migalhas, em 11.12.08

Não fiz a barba.
O espelho também não se queixou, apenas me deitou aquele olhar duvidoso.
Virei-lhe as costas e segui, barba por fazer.
Na rua senti-me livre, antes livre da obrigação.
Caminho palmilhado e este com a barba que é minha e por isso não a fiz.
Não me quero longe dela, afastado apenas por que alguém o quer, que não eu.
Quem lhe perguntou a ela se quer ser cortada?
E com esse corte cortar comigo a relação que nos prende um ao outro, por raízes, tantas, que nos fazem unos.
Eu e a minha barba.
Tantas horas partilhadas, já dias, e agora perdê-la, assim, sem mais, esta minha companheira de quantas lutas.
Não a faço, ou melhor, já a fiz, em mim se perfez, antes não a desfaço, nem que me matem.
É minha, é a minha barba, como o cabelo que também é meu, e por isso com eles faço o que bem entender.
São-me parte deste todo que sou eu e em mim fazem mais sentido.
Um sentido vivo, pois que em mim vivem.
Um dia, todos.

Ontem foi dia grande

por migalhas, em 06.12.08

Ontem foi dia grande culminado em serão maior.

Ao apelo lançado, uma vez mais ocorreram quantos estão sempre, são sempre, intemporais companheiros com quem aprendo a ser sempre mais.

Sala cheia e o nervoso miudinho que não se esconde e me expõe o lado mais acanhado.

A introdução de Marcos Pinto, a lançar os dados e a levantar a ponta do véu que tanto parece querer esconder em apenas 100 páginas.

Depois a minha confissão, o que ali fiz, que pecados cometi e que redenção procuro naquelas tantas linhas de texto que se perfizeram de uma ainda mais abissal profundeza.

E depois o orgulho, admito, o orgulho de poder carimbar cada exemplar, desta vez dando nome pela minha própria mão nervosa, dando nome a cada palavra, frase, capítulo ali partilhado ao longo das cerca de 100 páginas desta montra agora aberta aos olhos de todos.

Da noite de ontem fica a certeza, pelas palavras do mestre António Lobo Antunes, de que

"É bom conhecer quem me lê, afinal existem leitores, os livros não saem sozinhos das livrarias, sinto-me grato".

Sinto-me grato, de facto. Mas mais do que grato, um privilegiado por poder sentir ao meu redor tanto carinho e atenção, a que espero poder corresponder com mais esta minha viagem literária.

A quantos estiveram presentes, a quantos dedicarem agora um pouco da sua vida a esta minha viagem, o meu maior e sentido obrigado. Porque só havendo alguém desse lado, poderei continuar eu, deste lado, em paralelo a todos vós, crente de que vale a pena continuar, crente em que é, efectivamente, por aqui o meu caminho.

 

"A Montra Das Vidas Errantes" - Capítulo 1

por migalhas, em 03.12.08

Tudo na vida tem um princípio, um meio e, consequentemente, um fim.

A própria vida começa num nano segundo, fruto de uma incrível e improvável combinação que despoleta um processo que, daí em diante, avança a uma velocidade vertiginosa, impossível de controlar seja por quem for e que só termina na hora da nossa morte.

Mas há quem defenda que existe uma outra vida que nos acompanha passo a passo, tal e qual uma rua ou caminho paralelo àquele que todos os dias cruzamos e que julgamos único. Dessa vida, que passa por todos nós sem dela darmos conta, faz parte todo o conjunto de alternativas que nesta não se concretizam pelas mais variadas razões. Coisas que aconteceriam se, num ou em mais determinados momentos da nossa vida, tivéssemos feito isto em vez daquilo, tivéssemos optado por seguir por aqui e não por ali, temos tentado isto na vez daquilo. Dá que pensar, pois tudo teria sido realmente diferente. Com outras consequências, que obrigariam a rescrever toda a nossa existência, aquilo que somos ou aquilo que, devido aos nossos actos, se procedeu assim e não de qualquer outra forma. Somos aquilo que decidimos ser. Num acto assumido, voluntário, tomado aquando da sua chamada. No momento da verdade, escolhemos. De livre e espontânea vontade. Sem pressões, ou a elas sujeitos, a verdade é que imperou o livre arbítrio. E é esse que nos guia através de uma existência que é esta e não outra. Actos, atitudes, decisões, todas passaram pelo nosso crivo e com mais ou menos quorum, todas foram votadas num único sentido, aquele que julgávamos o mais correcto, o mais justo ou simplesmente o mais adequado face à situação ou período em que nos encontrávamos. Tudo foi ponderado, presume-se que bem, e de nada adianta vir agora com arrependimentos tardios.


“Se tivesse feito assim, quem sabe teria acontecido assado”.


Ou a eterna incerteza, a inquestionável dúvida, que nos persegue vida fora sobre aquilo que, a cada dia, resolvemos fazer. Por que sabemos que existe uma outra face - existe sempre, como uma sombra, uma nuvem ameaçadora que paira bem acima de cada um de nós -, que mais não é do que a versão do que poderia ter acontecido em vez de, mas que nunca ganhou forma. E é por isso que essa será sempre, apenas e só, a maior das suposições que jamais habitará a nossa mente, a mente humana.