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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Haver crescer os dias

por migalhas, em 30.07.08

Este dia perfez-se assim, dia, sustentado na força da ansiedade, de querer esclarecer essa dúvida brava e desgastante que sobre as nossas cabeças pousara pesada desde há alguns outros dias.
O despertar deu o mote aos olhos que nem molengaram como de costume.
Quiseram olhar, ver, observar, logo, desde logo, e assistirem ao que se previa, ainda sem certeza que lhe servisse de sustento.
Seguiu-se o ritual, o polígrafo indesmentível que garantiria a certeza que já nos consumia, mas que não expúnhamos, nem um ao outro.
Um imenso momento breve depois e o abraço, nem sei bem a dizer o quê, apenas o abraço.
O culminar de todos os momentos imensamente breves de dúvida, agora feitos facto consumado, tão real como o sentir deste abraço.
Na certeza única desse abraço.
A cabeça em espiral de tantas suposições, de outras tantas dúvidas e anseios, todas paridas desta que agora se materializara.
E o receio e o tremor e o sorriso nervoso, sem jeito e a certeza feita um beijo.
Os dois a relembrarem, a retomarem episódios que o serão uma e outra vez, na certeza de que a felicidade ali estará, a olhar por nós, a querer-nos cada vez mais unos, na companhia de quantos viermos a ser.
Em breve, muito em breve, que o tempo se ocupará de todo o resto.

 

No breu da hora adormecida

por migalhas, em 25.07.08

No meu peito jazem cravadas as conquistas que me fizeram aquele adulto crescido que perde a firmeza, a destreza também, e vive só de olhos pousados num amanhã que nem sequer é certo, ou seguro, que lhe escorre por entre os mesmos dedos com que aponta à ilusão de esquecer o agora, para viver o que ainda nem hora tem.

Assim morre bem antes do seu tempo, esgotado pelo que sonhou no caminho, pelo que empreendeu para chegar a nenhum lado.

Eu perdido e a criança

por migalhas, em 17.07.08

É a civilização quem ordena erguer cidades, exige derrubar árvores.
É ela quem estende viscosos tentáculos até onde o vento se sente escassear.
Espreito esta nesga de tempo enquanto posso e nela refugio o olhar cansado que ainda consigo.
Aqui estou perdido.
Eu e a mente por onde ecoam as vozes, tantas quantas as perdidas, como eu, distante, que nem os passos todos que pudesse ainda dar.
Este tempo fez-se tempo passado, filho bastardo de um rumo há muito também perdido, que da vida já nem sinal.
Mas não faz mal, pois não?
Na inocência de quem é criança e nunca deveria deixar de o ser.